RIO DE JANEIRO

"Nenhum estava de colete", diz pai de primeira vítima identificada do naufrágio na Baía de Guanabara

Grupo com 14 pessoas embarcou na Ilha do Governador para fazer passeio perto de Paquetá no domingo

Bombeiros e Marinha buscam desaparecidos após naufrágio na Baía de Guanabara, no Rio de JaneiroBombeiros e Marinha buscam desaparecidos após naufrágio na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro - Foto: Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro/ Divulgação

O mergulhador aposentado João Penha de Assunção, de 70 anos, conta que ouviu da nora que ninguém que estava a bordo da traineira usava colete salva-vidas na tarde de ontem (5), momento do naufrágio na Baía de Guanabara. Ele é pai de Everson Costa de Assunção, de 45, a primeira vítima identificada no Instituto Médico-Legal (IML) na manhã desta segunda-feira. Ana Paula Souza, de 46, esposa de Everson, foi uma das seis resgatadas ainda ontem pelo Corpo de Bombeiros. Até o início desta tarde, foram confirmadas seis mortes e duas vítimas seguem desaparecidas.

— O que eu tomei conhecimento é que nenhum passageira estava com colete salva-vidas. A lei manda que qualquer piloto de barco tenha a responsabilidade de conduzir seus passageiros com colete, inclusive na Baía de Guanabara, que é considerada águas abrigadas. Ela (minha nora) me comprovou que não tinha ninguém com colete — afirma.

Everson estava com a esposa e mais 12 amigos voltando de um passeio na Ilha Jurubaíba — localizada entre a Ilha do Governador e a Ilha de Paquetá — no momento do acidente. O mar ficou agitado com a chegada de uma tempestade.

— O meu filho aprendeu comigo de nunca deixar seus companheiros para trás e ele não deixou. Dito pela mulher dele, que assistia enquanto o mar estava batendo e ela agarrada no que pôde se agarrar. Ele estava junto com outro colega fazendo o salvamento possível — conta o pai da vítima.

A família de Everson, que mora em Bancários, na Ilha do Governador, gostava de se reunir aos finais de semana. O casal que está junto há seis anos. Segundo Caio Trindade, de 24 anos, filho de Everson, o pai e a madrasta tinham o costume de fazer o passeio de barco, pelo menos, duas vezes por ano. Ele trabalhava como tosador de animais.

Ana Paula foi encontrada pelo Corpo de Bombeiros próximo às pedras da encosta da Baía de Guanabara, horas após o acidente e encaminhada para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, segundo relatou o enteado. Ana Paula teve alta médica na manhã desta segunda-feira.

— Eu como pai que perdi meu primeiro filho (homem), Everson Costa de Assunção, um menino que tinha tudo para prosperar na vida, infelizmente, Deus levou. Sendo que um aprendizado que ele teve comigo, ele praticou. E praticou num momento crítico, não foi num ensaio nem numa piscina, foi na realidade. Ele se foi salvando vidas. Ele tentou não deixar nenhum companheiro para trás. Os que foram não tinham onde se agarrar, porque a única coisa que seria o colete salva-vidas, como eu falei, isso não foi feito — lamenta João .

Até as 13h desta segunda-feira, o Corpo de Bombeiros confirma que seis pessoas foram resgatadas com vida, ainda na tarde de domingo, logo após o acidente. Na madrugada, três corpos foram encontrados e outros três na manhã desta segunda. Foram identificados até o momento: Everson Costa de Assunção, de 45 anos, Juliana Gomes Delana da Silva, de 35 anos; Evandro José Sena; e Michele Bayerl de Moraes de Sena. Duas pessoas, sendo uma delas menor de idade, seguem desaparecidas.

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