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Neonazista confessa assassinato de político na Alemanha

"Eu atirei" em Walter Lübcke, reconheceu Ernst, de 46 anos, de acordo com uma declaração lida pela defesa

Stephan Ernst, o neonazista alemão que confessou ter matado o político Walter Lubcke, no tribunal de Frankfurt, em 5 de agosto de 2020Stephan Ernst, o neonazista alemão que confessou ter matado o político Walter Lubcke, no tribunal de Frankfurt, em 5 de agosto de 2020 - Foto: Kai Pfaffenbach/AFP

O neonazista alemão Stephan Ernst confessou, durante seu julgamento nesta quarta-feira (5), ter matado o político regional pró-migrantes Walter Lübcke, um crime que chocou o país e aumentou a conscientização sobre a crescente ameaça da extrema direita.

"Eu atirei" em Walter Lübcke, reconheceu Ernst, de 46 anos, de acordo com uma declaração lida pela defesa.

Ernst é acusado de ter matado o político com um tiro na cabeça, em 1° de junho de 2019.

Em um primeiro momento, Stephan Ernst confessou o assassinato, mas depois recuou e acusou seu suposto cúmplice, Markus Hartmann.

Ele também é acusado de "homicídio agravado" e de "tentativa de homicídio agravado" com arma branca contra um refugiado iraquiano em 2016, o que negou, nesta quarta.

Se for considerado culpado, poderá ser condenado à prisão perpétua. É a primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que um caso deste tipo é julgado no país.

- 'Cruel e covarde'

Na declaração lida no tribunal, ele também pediu desculpas à família Lubcke.

"Eu sei, o que Hartmann e eu fizemos será imperdoável para sempre", afirmou.

"Foi cruel e covarde", reconheceu. "Mas não posso mudar nada", acrescentou.

"Ninguém deveria morrer por ter outra opinião", declarou.

A Promotoria acusa seu suposto cúmplice de ter treinado Ernst a atirar na floresta, "inclusive com a arma" usada no crime, embora ele "não estivesse a par dos planos reais".

Segundo os investigadores, os dois suspeitos também participaram de uma reunião, na qual Walter Lübcke deu seu apoio à política de imigração da chanceler Angela Merkel. 

A recepção de mais de um milhão de refugiados na Alemanha entre 2015 e 2016 alimentou a ascensão do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). A sigla entrou com força no Parlamento nas eleições legislativas de 2017.

Stephan Ernst era conhecido desde o final dos anos 1980 como um simpatizante neonazista potencialmente violento.

Desde 1993, era suspeito de ter planejado um ataque a bomba contra uma residência para demandantes de asilo. Em 2009, participou de distúrbios raciais em Dortmund. 

Apesar desse passado, os serviços de Inteligência pararam de monitorá-lo nos últimos anos.

A investigação revelou outro erro da polícia, acusada de complacência com os neonazistas, por não ter informado o órgão que dá a permissão para porte de armas que o suposto cúmplice era um membro ativo da extrema direita. Isso lhe permitiu comprar pistolas e espingardas.

O assassinato desse político, membro do partido conservador de Angela Merkel, despertou o fantasma do terrorismo de extrema direita. 

Subestimado na década de 2000 pelas autoridades gregas, apesar da morte de oito imigrantes turcos, um grego e uma policial alemã nas mãos do grupo neonazista NSU, a ameaça é vista hoje como um desafio crucial para a segurança interna da Alemanha.

Em outubro de 2019, um simpatizante de extrema direita esteve muito perto de cometer um massacre no dia do Yom Kippur, em uma sinagoga em Halle, no leste do país. Ele acaboiu atirando em uma mulher que passava e matou um homem em um restaurante frequentado por imigrantes.

Em fevereiro, um homem matou nove pessoas de origem estrangeira em dois bares em Hanau, perto de Frankfurt, e depois cometeu suicídio.

Grupos suspeitos de preparar ataques xenófobos, ou antissemitas, são frequentemente desmantelados no país.

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