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Netanyahu e Biden discutem nova proposta do Hamas sobre trégua em Gaza e libertação de reféns

Primeiro-ministro israelense e presidente americano devem conversar nesta quinta-feira, segundo fontes políticas, após apresentação de novos termos na quarta-feira

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (E), cumprimenta o presidente dos EUA, Joe Biden, em sua chegada ao aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (E), cumprimenta o presidente dos EUA, Joe Biden, em sua chegada ao aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv  - Foto: Brendan Smialowski/AFP

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve discutir uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza nesta quinta-feira, com o presidente dos EUA, Joe Biden. Os termos foram apresentados pelo Hamas por meio de mediadores, na quarta-feira — um raro movimento nas últimas semanas, marcadas pela paralisia nas negociações e intensificação da atividade militar.

A esperada conversa entre Netanyahu e Biden foi revelada por uma fonte política ouvida pelo jornal israelense Haaretz. Uma outra fonte do governo, ouvida pelo Canal 13, da TV israelense, afirmou que o primeiro-ministro discutiria a proposta com negociadores, antes de uma reunião do seu Gabinete de Segurança.

 

Em um comunicado divulgado na noite da quarta-feira pelo Gabinete do premier, o Mossad — agência de inteligência nacional de Israel — informou que nova proposta chegou aos negociadores israelenses por meio de mediadores internacionais do conflito, que mantiveram contato direto com representantes do Hamas. O comunicado afirma que “Israel está avaliando os comentários e transmitirá sua resposta aos mediadores” em breve.

As autoridades não discutiram os termos da proposta detalhadamente em público, mas partes do lado israelense e do lado palestino delinearam uma imagem geral da proposta. Um porta-voz do Hamas que falou em anonimato com a agência Bloomberg disse que o grupo palestino mantém as exigências sobre um cessar-fogo em Gaza, a retirada das tropas inimigas do enclave e o retorno da população civil a suas cidades de origem.

Por outro lado, uma fonte israelense ouvida pelo Canal 13 disse que o grupo palestino retirou um dos pontos que travou uma proposta anterior, sobre uma retirada imediata de tropas na fase inicial de implementação do acordo — as últimas propostas de trégua incluíram uma divisão em três fases, com objetivos específicos a serem cumpridos em cada uma delas.

Em uma declaração na quarta-feira, o Hamas indicou que Ismail Haniyeh, líder político do grupo, conversou com mediadores no Catar e no Egito sobre as ideias que estavam a ser discutidas, afirmando que a nova tentativa de negociação ocorreu dentro de um "espírito positivo".

Após um breve momento de otimismo no fim de maio, quando Biden sugeriu que Israel e Hamas se aproximavam de termos comuns a para um acordo, as negociações estagnaram nas últimas semanas. Nesse meio tempo, o governo israelense enfrentou uma crise interna, que levou a dissolução do Gabinete de Guerra, após a saída de Benny Gantz, líder da oposição na centro-direita. A pressão no norte, com o movimento libanês Hezbollah, também aumentou — mais de 200 foguetes foram lançados entre ontem e hoje, após a morte de um comandante em um ataque israelense .

Internamente, não há consenso em Israel sobre a interrupção da guerra. Apesar da pressão da oposição e da sociedade civil sobre o retorno dos reféns a qualquer custo, a cúpula do governo Netanyahu, sobretudo a ala radical liderada pelo ministro da segurança interna, Itamar Ben-Gvir, defende que a guerra continue até a eliminação completa do Hamas.

Diante da disputa política, após quase nove meses de guerra em Gaza e com a deterioração no norte, militares têm demonstrado uma insatisfação crescente com a falta de uma negociação diplomática eficaz e de um planejamento para o 'day after' em Gaza. Alguns generais já discutem, reservadamente, que a continuidade do conflito é um erro estratégico.

Em uma declaração célebre, no mês passado, uma fala do principal porta-voz do Exército, Daniel Hagari, causou polêmica ao afirmar que seria impossível eliminar o Hamas enquanto ideia. 

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