guatemala

Nicarágua retira nacionalidade e confisca bens de 135 ex-prisioneiros políticos enviados à Guatemala

Na quinta-feira passada, o governo Ortega libertou por motivos humanitários 135 presos políticos que foram acolhidos nesse mesmo dia pela Guatemala

Um prisioneiro político nicaraguense libertado mostra seu passaporte ao chegar à Base Aérea na Cidade da GuatemalaUm prisioneiro político nicaraguense libertado mostra seu passaporte ao chegar à Base Aérea na Cidade da Guatemala - Foto: Johan Ordonez / AFP

A Nicarágua retirou nesta terça-feira (10) a nacionalidade e confiscou os bens de 135 ex-prisioneiros políticos enviados à Guatemala na semana passada após uma mediação dos Estados Unidos. Eles foram acusados de atentarem contra a soberania nacional.

A medida foi anunciada em um comunicado do Poder Judiciário, que é acusado de servir ao governo do presidente Daniel Ortega e de sua esposa, Rosario Murillo, que, segundo a ONU, têm intensificado a repressão contra seus críticos desde os protestos de 2018.

A própria ONU criticou nesta terça-feira uma recente lei aprovada pelo Parlamento nicaraguense, controlado pelo governo Ortega, que poderá intensificar, na sua opinião, a "repressão" aos exilados nicaraguenses, cujos direitos apelou a "proteger".

A resolução do tribunal de Manágua determina a "perda da nacionalidade nicaraguense a 135 pessoas, condenadas por atos criminosos que violaram a soberania, a independência e a autodeterminação do povo nicaraguense" e "ordenou o confisco de todos os bens dos condenados", segundo o comunicado.

Com esta decisão, 451 opositores nicaraguenses foram privados da sua nacionalidade desde o início de 2023, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Na quinta-feira passada, o governo Ortega libertou por motivos humanitários 135 presos políticos que foram acolhidos nesse mesmo dia pela Guatemala, graças à mediação dos Estados Unidos.

A Casa Branca afirmou ter garantido a libertação destes prisioneiros, incluindo 13 membros da organização evangélica Mountain Gateway, sediada no Texas, leigos católicos, estudantes e outras pessoas que Ortega e Murillo "consideram uma ameaça ao seu regime autoritário".

Ortega, que governou na década de 1980 após o triunfo da revolução sandinista, voltou ao poder em 2007 e é acusado por opositores e críticos de estabelecer um regime autoritário.

Seu governo reprimiu duramente as vozes críticas após os protestos pró-democracia de 2018, que deixaram mais de 300 mortos em três meses, segundo a ONU.

Em 2023, libertou, expulsou e retirou a nacionalidade e confiscou bens de 316 políticos, jornalistas, intelectuais e ativistas críticos, a quem acusou de traição.

Também atacou a Igreja Católica e fechou cerca de 5.500 ONGs, muitas delas religiosas.

Veja também

Equador inicia racionamento de energia para enfrentar grave seca
AMÉRICA DO SUL

Equador inicia racionamento de energia para enfrentar grave seca

Autoridades americanas dizem que hackers iranianos ofereceram informações de Trump à equipe de Biden
ESTADOS UNIDOS

Autoridades americanas dizem que hackers iranianos ofereceram informações de Trump à equipe de Biden

Newsletter