Nicarágua

Nicarágua substitui universidade jesuíta por centro de estudos estatal

O CNU afirmou em comunicado que também cancelou "a autorização de funcionamento" da instituição

A Universidade Centro-Americana (UCA) da NicaráguaA Universidade Centro-Americana (UCA) da Nicarágua - Foto: Reprodução / Internet

O órgão regulador das universidades da Nicarágua cancelou, nesta quinta-feira (17), a licença da Universidade Centro-Americana (UCA), administrada pelos jesuítas, cujos bens foram confiscados por um tribunal, e a substituiu por um centro de estudos estatal.

O Conselho Nacional de Universidades (CNU) detalhou que "para garantir a continuidade educacional dos estudantes de graduação e pós-graduação, aprovou a criação da Universidade Nacional Casimiro Sotelo Montenegro" e nomeou suas principais autoridades.

O CNU afirmou em comunicado que também cancelou "a autorização de funcionamento" da instituição "de acordo com as disposições do Estado nicaraguense".

A universidade jesuíta anunciou na quarta-feira a suspensão de todas as suas atividades após um tribunal ordenar a confiscação de seus bens e fundos, acusando-a de ser um "centro de terrorismo".

"As medidas são tomadas em resposta a acusações infundadas de que a Universidade Centro-Americana funcionou como um centro de terrorismo, organizando grupos criminosos", afirmou a UCA em um comunicado, referindo-se aos protestos de 2018 contra o governo de Daniel Ortega, que resultaram em mais de 300 mortes.

Nesta quinta-feira, os Estados Unidos condenaram a confiscação por meio do porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, que afirmou que a medida tomada por Ortega "representa uma maior erosão das normas democráticas e um sufocamento do espaço cívico".

Enquanto isso, a liderança provincial da Companhia de Jesus na América Central considerou "totalmente falsas e infundadas" as acusações contra a UCA e pediu a Manágua que revertesse "a drástica, inesperada e injusta medida".

"Trata-se de uma política governamental que está sistematicamente violando os direitos humanos e parece estar voltada para consolidar um Estado totalitário", afirmou a organização jesuíta com sede em San Salvador em um comunicado.

O governo de Ortega mantém uma relação conturbada com a Igreja Católica. O bispo Rolando Álvarez está preso desde agosto de 2022 e foi condenado em fevereiro a 26 anos de prisão por prejudicar a integridade nacional, entre outras acusações, e pelo menos outros dois padres estão detidos.

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter