Nísia diz que mais de 700 mil vacinas contra dengue foram aplicadas
Brasil tem 1.117 mortes de dengue confirmadas em 2024, que bateu recorde de ano mais letal pelo vírus
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou nesta quarta-feira (10) que mais de 708 mil doses de vacinas contra a dengue foram aplicadas até esta segunda-feira e disse que anunciará uma “possibilidade de ampliação” do público-alvo do imunizante “o mais breve possível”.
Nísia Trindade apresentou uma atualização do balanço da vacinação contra dengue na Comissão de Saúde na Câmara dos Deputados nesta quarta. Segundo os dados do Ministério da Saúde, 57,57% das doses enviadas aos estados e Distrito Federal foram aplicadas.
A ministra ainda disse que o Ministério anunciará novidades sobre a vacinação contra a dengue em breve.
— Nós faremos anúncio sobre as possibilidades de ampliação e a própria vacina do Butantan, que será em dose única, o mais breve possível — completou.
Nísia, no entanto, não deu detalhes sobre até qual idade o público-alvo do imunizante pode ser ampliado, ou sobre quando isso será feito. No entanto, o ministério é pressionado pela medida, já que os lotes da vacina da dengue distribuídos pelo Ministério da Saúde começam a vencer a partir do dia 30 de abril, segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.
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As declarações acontecem em meio a uma alta histórica de casos dengue no Brasil. Em 2024, o país levou apenas três meses para bater o recorde de ano mais letal por dengue da série histórica mantida pelo Ministério da Saúde.
Segundo atualização do Painel de Monitoramento de Arboviroses, do governo federal, nesta segunda-feira, já são 1.117 mortes pela doença até agora, além de outras 1.806 suspeitas em investigação.
Cargo sob pressão
Alvo frequente de críticas de deputados, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou nesta quarta-feira que não faz uma “gestão ideológica” à frente da pasta e disse que não é filiada a nenhum partido. Nísia tem o posto cobiçado por partidos do Centrão e conta com uma ofensiva do Planalto para blindá-la politicamente.
Oficialmente, ela foi convocada à Comissão para prestar informações sobre as ações de prevenção e combate às arboviroses, em especial a dengue, desenvolvidas pela pasta. Na prática, a maioria dos parlamentares de oposição interrogaram Nísia sobre repasses de verbas para municípios controlados por aliados.
No colegiado, a ministra foi questionada pela deputada federal, Adriana Ventura, sobre uma suposta “gestão ideológica” na pasta da Saúde. Nísia negou e disse que não é filiada a nenhum partido político
— Em relação a gestão ser ideológica, eu refuto totalmente, aliás, eu não sou membro de nenhum partido político, mas teria orgulho de participar de qualquer partido afim com a minha visão de mundo, que é de defesa da democracia, defesa do SUS e defesa da igualdade. Sou inteiramente a fim, engajada e valorizo a boa política, a política em benefício ao Brasil da Justiça, da paz e de uma cultura que restitua do nosso país aquilo que ele tem de melhor, respeito à diversidade e luta contra as desigualdades sociais. Agora, por questões de decisão de vida, não tenho partido político — afirmou a ministra.
Diante de uma série de desgastes enfrentados pelo ministério da Saúde, o Palácio do Planalto presta apoio à Nísia Trindade para protegê-la de pressões de partidos da oposição, do Centrão e de alas do próprio PT. O esforço envolve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Secretaria de Relações Institucionais e a Secretaria de Comunicação Social (Secom).
O desejo de Lula é que Nísia permaneça no cargo. O presidente não quer entregar outra área estratégica para o Centrão, como já aconteceu no final do ano passado, quando as ministras Ana Moser (Esportes) e Daniela Carneiro (Turismo) foram demitidas para que André Fufuca (PP) e Celso Sabino (União) abrissem espaço para seus partidos na Esplanada.