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No horário de pico, trânsito do Recife é o mais lento do Brasil

Nos períodos das 7h às 10h e das 17h às 20h, deslocamentos de veículos na Capital pernambucana demoram em média 86% mais tempo a serem realizados em comparação com períodos sem congestionamento

Estudo apresenta o Recife como a capital mais lenta do País na hora do rushEstudo apresenta o Recife como a capital mais lenta do País na hora do rush - Foto: Arthur de Souza

Uma pesquisa comprovou o que todo recifense já sabe de cor e salteado na prática: a capital pernambucana tem o trânsito mais lento do Brasil em horário de pico. O estudo, denominado Índice 99 de Tempo de Viagem (ITV 99) - criado pela startup de mobilidade urbana 99 - relaciona as 15 cidades com mais trânsito no País a partir de dados extraídos de 100% das corridas de táxi (com app 99) e carros particulares (99Pop) realizadas em cada região que foram levantados pela equipe de Pesquisa e Públicas Públicas da empresa, entre junho e agosto deste ano.

“Como empresa de tecnologia, a 99 tem dados que podem contribuir para a elaboração de planejamento urbano e de transporte mais eficiente”, afirmou, por nota, a diretora de Pesquisa e Políticas Públicas da startup, Ana Guerrini. “O levantamento identifica padrões de deslocamento das pessoas, o que pode ajudar o poder público a desenhar soluções para gargalos na circulação de veículos nas cidades.”

O ITV 99 foi calculado para a média dos deslocamentos no horário de pico, nos períodos das 7h às 10h e das 17h às 20h. No Recife, os deslocamentos de veículos nesses horários demoram em média 86% mais tempo a serem realizados em comparação com períodos sem congestionamento. Inclusive à frente do Rio de Janeiro e de São Paulo, que apresentam lentidão de mais de 70%.

As viagens originadas no Bairro do Recife demoram, em média, de 81% a 102% a mais no horário de pico do que as iniciadas em situação de tráfego livre. Fato comprovado por motoristas consultados pela Folha de Pernambuco.

Eram 18h20 de ontem quando entrevistamos o programador Ricardo Lima, 30 anos, que dirigia seu carro e se encontrava retido na rua Madre de Deus. Ele nem precisou estacionar ou descer do veículo para dar seu depoimento. “Esse trânsito do Recife no horário de pico é horrível. Poderia ter uma estruturação melhor para poder ter uma saída para chegar em casa, por conta da hora”, considerou. “Aqui no Recife Antigo, por exemplo, poderia ter uma estrutura para poder melhorar os caminhos e as vias e ter uma boa saída.”

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Taxista com 21 anos de praça, Edson Farias, 53, analisou que falta planejamento. “Não sei em relação aos outros. Não ando nas outras capitais, inclusive as mais próximas. Mas, talvez a má estrutura que está havendo aqui tenha relação com a engenharia de tráfego.”

Ainda segundo Farias, algumas medidas tomadas visando à melhoria do trânsito provocam um efeito inverso. “No Palácio (do Campo das Princesas, sede do governo estadual), você atravessa a ponte Princesa Isabel, em direção a Olinda, e já tem uma mão livre. Mas tem os motoristas que andam a passos de tartaruga e que, quando chegam ali, se amarram. Se o problema é esse, deveria colocar o ‘amarelinho’ (fiscal de trânsito) lá para que eles (os carros) passem e não fique atrapalhando o trânsito ou dependendo do sinal, porque a faixa da direita é livre. Mas, o que fizeram? Botaram um bocado de cones tirando duas faixas da ponte piorando o engarrafamento na rua Princesa Isabel. E (quem vai no sentido contrário, na faixa provisória) quando chega lá na frente está um ‘amarelinho’ mandando você parar e esperar que o sinal abra para quem está na segunda faixa poder passar. Que engenharia é essa?”, questiona.

O taxista cita ainda um problema semelhante que ocorre na ponte do Limoeiro. “Botaram mais duas faixas diminuindo de quem vem da avenida Norte para o Bairro do Recife. Quando quem está na faixa da esquerda (provisória) tem que esperar que alguém da direita, porque em frente já é o canteiro da avenida Norte. E há ainda a questão do semáforo”, complementa. “Em frente às Torres Gêmeas, o semáforo de pedestre funciona como se fosse um semáforo normal. Você hoje encontra um engarrafamento no cais José Estelita já quando você sai do Cabanga”, testemunha.

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