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No Rio, secretário de Estado dos EUA discursa em evento à parte do G20

Antony Blinken visita a cidade pela primeira vez para participar do encontro de chanceleres do fórum internacional, que reúne as maiores economias do mundo

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em encontro com o presidente Lula, em BrasíliaO secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em encontro com o presidente Lula, em Brasília - Foto: Evaristo Sá/AFP

Um dia após um encontro de quase duas horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversa com a imprensa nesta quinta-feira no Rio de Janeiro, em um evento à parte do encontro de chanceleres do G20 — grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana.

A visita do secretário de Estado acontece em meio à crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv, que recebe apoio político e militar de Washington, instaurada após o presidente Lula comparar, no último domingo, a operação militar israelense em Gaza ao genocídio de judeus no Holocausto. Em resposta, Israel considerou Lula persona non grata, o que levou o Itamaraty a convocar o embaixador brasileiro em Tel Aviv — um sinal de desaprovação na diplomacia.

Blinken evitou comentar a controvérsia publicamente. Coube ao seu porta-voz, Matthew Miller, esclarecer horas depois que o assunto foi sim abordado durante a reunião, reafirmando que os EUA não apoiam a fala do presidente. Em comunicado após o encontro, que contou também com a participação do assessor especial da Presidência, Celso Amorim e a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, o Planalto destacou que ambos concordaram com a necessidade de criação de um Estado palestino.

— O secretário teve a oportunidade de discutir os comentários com o presidente Lula hoje (quarta-feira), na sua reunião, no contexto de uma discussão ampla sobre o conflito em Gaza. E deixou claro, como eu fiz ontem (terça-feira), que são comentários com os quais não concordamos — disse Miller durante uma coletiva em Washington na quarta.

Por outro lado, Lula também evitou tecer comentários sobre o julgamento de Julian Assange, fundador do Wikileaks acusado de vazar diversos documentos confidenciais dos EUA sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque. Preso há cinco anos no Reino Unido, ele aguarda uma decisão da Justiça britânica nos próximos dias sobre a sua extradição aos Estados Unidos, onde pode enfrentar uma pena de até 175 anos. No ano passado, o presidente brasileiro defendeu o jornalista em seu discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU.

Segundo o Planalto, Blinken elogiou a atuação do Brasil na mediação das tensões entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo e as prioridades estabelecidas pela presidência rotativa do Brasil, incluindo a reforma de instituições multilaterais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, e de organismos financeiros internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O presidente Lula reiterou a necessidade de reformar os organismos financeiros internacionais e o Conselho de Segurança da ONU, no que foi apoiado pelo seu interlocutor", disse o governo brasileiro em nota.

O secretário de Estado ainda declarou que os EUA estudam um novo aporte para o Fundo Amazônia e buscam cooperar o Brasil na área ambiental, energética, empresarial e de infraestrutura.

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