Noite de bombardeios em Gaza e disparos de foguetes deixam quase 30 mortos
O Estado hebreu respondeu ao lançamento de foguetes com 130 ataques de aviões de combate e de helicópteros contra alvos militares no território palestino
Ao menos 26 palestinos, incluindo nove crianças, morreram na madrugada desta terça-feira (11) em bombardeios israelenses em Gaza, uma resposta aos foguetes lançados por movimentos armados palestinos, que provocaram duas vítimas fatais no sul de Israel, em uma escalada provocada por uma onda de violência em Jerusalém Oriental.
Mais de 120 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza, território palestino controlado pelo movimento islamita Hamas, informaram as autoridades de saúde locais.
Desde segunda-feira, militantes palestinos lançaram mais de 300 foguetes contra Israel. O sistema antimísseis israelense Cúpula de Ferro interceptou mais de 90% dos projéteis, afirmou o porta-voz do Exército, Jonathan Conricus. Ao menos seis israelenses ficaram feridos.
O Estado hebreu respondeu ao lançamento de foguetes com 130 ataques de aviões de combate e de helicópteros contra alvos militares no território palestino. Segundo Conricus, as ações mataram 15 comandantes do Hamas e da Jihad Islâmica. Este último grupo armado confirmou as mortes de dois de seus líderes.
Nesta terça-feira, foram lançados mais foguetes a partir do enclave palestino, enquanto o braço armado das brigadas Qassam, vinculadas ao Hamas, prometeu que transformaria a cidade israelense de Ashkelon, ao sul, em "um inferno".
Nesta cidade, duas mulheres, uma de 65 anos e outra de 40, morreram vítimas dos disparos de foguetes palestinos, afirmou o Magen, equivalente da Cruz Vermelha em Israel.
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Nas últimas horas, foram ouvidas explosões na cidade, onde um foguete abriu uma cratera na lateral de um bloco de apartamentos.
Conricus disse que Israel não tem confirmação de que seus ataques afetaram civis em Gaza, ou se as vítimas foram provocadas por enganos no lançamento de foguetes palestinos.
O ministro israelense da Defesa, Benny Gantz, autorizou um pedido do Exército para mobilizar 5.000 reservistas em caso de necessidade.
Israel vai "intensificar" seus ataques contra o Hamas, advertiu o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Desde ontem (segunda-feira), o Exército lançou centenas de ataques contra o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza (...) e vamos intensificar ainda mais a força dos nossos ataques", garantiu o chefe de Governo em uma mensagem de vídeo, acrescentando que o Hamas "será golpeado de uma maneira que não se espera".
- Preocupação internacional -
As tensões dos últimos dias em Jerusalém se transformaram nos piores confrontos na cidade desde 2017.
A violência começou na sexta-feira (7) com os confrontos entre policiais do Batalhão de Choque israelense e os fiéis palestinos na Esplanada das Mesquitas, onde fica a mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islã.
Desde então, os distúrbios noturnos em Jerusalém Oriental deixaram centenas de palestinos feridos e provocaram apelos internacionais por uma desescalada. A ONU afirmou que está "profundamente preocupada" e condenou "qualquer incitação à violência".
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, condenou os ataques com foguetes do Hamas, afirmando que eles "devem parar imediatamente".
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, condenou os ataques a Gaza como "indiscriminados e irresponsáveis (...) e uma demonstração miserável de força ao custo do sangue de crianças".
Na segunda-feira (10), o Hamas deu um ultimato a Israel para que retirasse todas as suas forças da Esplanada das Mesquitas e do distrito de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, onde os próximos despejos de famílias palestinas estão gerando protestos.
As sirenes soaram em toda Jerusalém logo após as 18h locais (12h em Brasília), o horário-limite do ultimato do Hamas. Foguetes começaram a cair, e os moradores de Jerusalém fugiram para bunkers pela primeira vez desde o conflito de Gaza de 2014.
As brigadas Qassam disseram que os ataques com foguetes são uma resposta às ações israelenses em Sheikh Jarrah e ao redor da mesquita de Al-Aqsa.
"Esta é uma mensagem que o inimigo deve entender bem: se eles responderem, responderemos. E se escalarem, escalaremos", frisaram.
Na segunda à noite, assim como nas noites anteriores desde sexta-feira, os palestinos atiraram pedras na tropa de choque israelense. Os agentes responderam com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
"Atiraram em todo mundo, nos jovens e nos idosos", relatou Siraj, um palestino de 24 anos, internado no hospital Makassed, em Jerusalém Oriental, depois de sofrer uma lesão no baço por uma bala de borracha.
A Anistia Internacional afirmou que as "forças israelenses usaram repetidamente força desproporcional e ilegal para dispersar os manifestantes".
A polícia israelense não respondeu a acusações específicas, mas disse à AFP que não permitirá "que se altere a ordem, nem que se incite a provocar danos às forças de segurança".