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EUA

Nomeada por Trump, 'cirurgiã-geral' decidiu virar médica após matar o pai em acidente doméstico

Janette Nesheiwat tinha 13 anos quando presenciou o falecimento do parente, atingido na cabeça na casa da família

Nomeada por Trump, 'cirurgiã-geral' decidiu virar médica após matar o pai em acidente domésticoNomeada por Trump, 'cirurgiã-geral' decidiu virar médica após matar o pai em acidente doméstico - Foto: Instagram/reprodução

A profissional escolhida por Donald Trump para ocupar o cargo de cirurgiã-geral dos Estados Unidos, o segundo mais importante da saúde pública do país, decidiu se tornar médica depois de uma tragédia familiar. Quando tinha 13 anos, Janette Nesheiwat derrubou de uma prateleira, na casa da família, na Flórida, uma caixa que continha uma arma carregada. A pistola disparou e matou o pai dela, em fevereiro de 1990.

Um relatório policial obtido pelo New York Times descreve o depoimento de Janette Nesheiwat sobre o acidente doméstico. Ela contou às autoridades, na época, que foi ao quarto do pai para pegar uma tesoura de uma caixa de pesca guardada numa prateleira acima da cama.

O recipiente tombou, e arma caiu de dentro dele. O disparo atingiu a cabeça do pai de Janette, Ziad "Ben" Nesheiwat, que chegou a ser socorrido e levado para o hospital, mas foi declarado morto no dia seguinte.

Janette já disse anteriormente que a morte de seu pai a inspirou a se tornar médica. Sem detalhes, a tragédia familiar é mencionada na primeira frase do livro de memórias da profissional, o "Beyond the Stethoscope: Miracles in Medicine" (Além do estetoscópio: milagres na medicina, em tradução literal).

"Quando eu tinha 13 anos, vi impotente meu querido pai morrendo em um acidente enquanto o sangue jorrava por toda parte", escreveu ela, sem detalhar as circunstâncias do falecimento. "Não consegui salvar sua vida. Este foi o início da minha jornada pessoal na vida para me tornar uma médica e entrar no mundo das artes de cura".

Nos últimos 15 anos, Janette atuou como médica de atendimento de urgência na CityMD, uma rede de clínicas com fins lucrativos em Nova York. Foi na pandemia de Covid-19 que ela ganhou notoriedade no país, ao aparecer como colaboradora na rede Fox News. Janette não se manifestou sobre a reportagem do New York Times.

— Como ela diz em seu livro, ela se tornou médica por causa da trágica morte acidental de seu pai — disse Brian Hughes, porta-voz da equipe de transição de Trump, ao New York Times. — Ela se tornou médica para salvar vidas, e essa dedicação às vidas de seus compatriotas americanos é o motivo pelo qual o presidente Trump nomeou a Dra. Nesheiwat para ser nossa próxima cirurgiã-geral. Ela e sua família sentem falta do pai e esperam que ele tenha orgulho deles.

No cargo de cirurgiã-geral dos Estados Unidos, ela vai suceder Vivek Murthy, o primeiro no cargo a declarar a violência armada como uma crise de saúde pública. Durante sua gestão, Murthy afirmou que disparos são a principal causa de morte no país entre crianças e adolescentes e apelou à proibição da venda de rifles automáticos e mais controle nas verificações de antecedentes, entre outras restrições adicionais à posse e ao porte de armamentos.

As medidas foram alvo de resistência de republicanos, que agiram para evitar que agências de saúde pública citassem emergências de saúde pública para aprovar medidas de controle de armas.

Murthy foi nomeado por Trump em sua primeira passagem pela Casa Branca, mas acabou demitido em 2017. Em 2021, ele voltou a cargo por indicação do democrata Joe Biden.

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