Nova primeira-ministra da Itália se reúne pela primeira vez com líderes da UE
Foi o primeiro contato de Meloni com os líderes do órgão continental
A primeira-ministra de extrema-direita da Itália, Giorgia Meloni, iniciou nesta quinta-feira (3) sua primeira visita a Bruxelas para reunir-se com os líderes da União Europeia, um encontro delicado que será dominado pela crise energética.
"A Itália chega com voz ativa na Europa: estamos prontos para abordar os grandes problemas, começando pela crise energética, e trabalhar por uma solução rápida e eficaz para apoiar as famílias e empresas e acabar com a especulação", tuitou Meloni nesta quinta.
A viagem da líder de 45 anos, que prometeu defender sobretudo os interesses italianos, é acompanhada com atenção e preocupação por possíveis choques entre seu governo e as autoridades europeias.
"Bruxelas não deve se intrometer no que Roma pode fazer melhor", afirmou Meloni em um livro de entrevistas que será lançado na sexta-feira, no qual critica a UE por "ocupar-se de coisas menores e se ausentar em grandes temas".
Na capital belga, Meloni iniciou sua visita com um encontro com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
No Twitter, Metsola indicou que a "Itália sempre teve um papel central na UE", e acrescentou que "mais que nunca (...) devemos permanecer unidos".
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"Somos mais fortes quando estamos juntos", tuitou Metsola.
A agenda de Meloni em Bruxelas inclui também reuniões com a presidente da Comissão, Úrsula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O encontro presencial com Von der Leyen é precedido por polêmicas declarações da presidente da Comissão Europeia antes da vitória de Meloni, consideradas como interferência na campanha eleitoral.
Para o cientista político Lorenzo Codogno, a primeira mulher no comando da Itália, com o governo mais à direita do pós-guerra, não deve mudar as principais linhas da política externa italiana.
"Meloni é uma mulher pragmática e quer ser vista como uma líder moderada", afirmou o especialista à AFP.
No comando de um dos países fundadores da UE e da terceira maior economia da zona do euro, Meloni vai insistir na urgência de tomar medidas conjuntas para reduzir os preços da energia, uma luta iniciada por seu antecessor Mario Draghi.
Continuidade
"As discussões vão se concentrar na energia (...) o problema mais urgente à medida que o inverno se aproxima", afirmou Codogno, que considera que o governo de extrema-direita garantirá a continuidade da linha de Draghi.
O ex-presidente do Banco Central Europeu(BCE) apoia soluções coletivas e não individuais para enfrentar a crise energética, como fez a Alemanha, algo muito criticado por seus aliados.
Por sua parte, Sébastien Maillard, diretor do Instituto Jacques Delors, disse à AFP que os líderes europeus aproveitarão a oportunidade para "compreender melhor as intenções de Meloni".
O tema da migração e do Mediterrâneo será certamente o mais difícil de abordar com a UE.
Impedir a chegada de imigrantes às costas italianas tem sido a bandeira dos partidos populistas de direita e da extrema-direita, como Liga (Lega) e Irmãos da Itália (Fratelli d’Italia), atualmente no poder.
A viagem de Meloni coincide com a primeira crise migratória de seu governo depois que Matteo Piantedosi, novo ministro do Interior, declarou que não está disposto a salvar as mais de mil pessoas em barcos humanitários no Mediterrâneo e que esperam há dias por um porto seguro onde possam desembarcar.