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GUERRA NA UCRÂNIA

Nova tentativa de retirar civis bloqueados na cidade ucraniana de Mariupol

Estima-se que 160 mil civis permanecem presos na região

Refugiados na UcrâniaRefugiados na Ucrânia - Foto: Bulent Kilic/AFP

As autoridades ucranianas lançaram nesta quinta-feira (31) uma nova tentativa de retirar os civis bloqueados na cidade sitiada de Mariupol, enquanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) se declarou disposto a liderar esta operação "vital", mas apenas com as necessárias garantias de segurança.

O CICV já fez várias tentativas frustradas de organizar retiradas de Mariupol, uma cidade portuária estratégica no Mar de Azov, no sudeste da Ucrânia, implacavelmente cercada e bombardeada pelas forças russas desde o final de fevereiro.

"É vital que essas operações aconteçam. A vida de dezenas de milhares de pessoas em Mariupol depende disso", afirmou a organização com sede em Genebra, que espera iniciar a operação na sexta-feira.

Moscou anunciou um cessar-fogo local a partir das 4h00 (horário de Brasília) desta quinta-feira, para abrir um corredor humanitário "com a participação direta de representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e do CICV". 

O governo ucraniano anunciou o envio de 45 ônibus para transportar civis para Zaporizhzhia, 220 km ao noroeste.

Pessoas que conseguiram deixar a cidade e ONGs descreveram condições de vida catastróficas, com civis abrigados em porões, privados de água, comida e comunicações, além de corpos espalhados pelas ruas.

Estima-se que 160 mil civis permanecem presos na região e a prefeitura da cidade de Mariupol acusa Moscou de ter levado mais de 20 mil moradores para a Rússia contra sua vontade. 

De acordo com o Ministério da Defesa britânico, "os combates intensos continuam em Mariupol", mas os ucranianos "prosseguem no controle do centro da cidade". 

O líder da república russa da Chechênia, Ramzan Kadírov, leal a Vladimir Putin, garantiu por sua vez que entre 90% e 95% da cidade já estava sob controle russo.

Sobre as negociações, o chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, anunciou que um encontro entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e seu colega ucraniano, Dmitro Kuleba, poderia acontecer "em uma ou duas semanas". 

A Turquia poderia receber uma reunião do tipo, para a qual não há data definida. O negociador-chefe da Ucrânia, David Arakhamia, disse na quarta-feira que as negociações online com a delegação russa serão retomadas na sexta-feira. 

Em cinco semanas de guerra, mais de quatro milhões de ucranianos foram forçados a fugir de seu país, segundo o ACNUR, um êxodo de refugiados que não era registrado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

"Chuva de mentiras" 
O presidente ucraniano discursou aos Parlamentos da Austrália e da Holanda por vídeo nesta quinta-feira, pedindo que forneçam armas ao seu país e parem de comprar combustíveis russos. 

No Reino Unido, a secretária de Relações Exteriores Liz Truss anunciou nesta quinta-feira um novo pacote de 14 sanções contra "propagandistas e a mídia estatal" russos, incluindo RT e Sputnik, para combater "uma chuva de mentiras". 

Na noite de quarta-feira, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky afirmou que seu exército estava se preparando para mais combates no leste e disse que não acreditava nas promessas da Rússia de reduzir sua mobilização militar na capital Kiev.

"Vemos que há um acúmulo de tropas russas para novos ataques" na região de Donbass, no leste, "e estamos nos preparando para isso", declarou Zelensky. 

De acordo com o comandante da administração militar da região de Donetsk, Pavel Kyrylenko, o exército russo voltou a bombardear a região de Donbass durante a noite, em alguns locais com bombas de fósforo. 

Duas crianças morreram como resultado dos ataques na região próxima de Lugansk, de acordo com os serviços de emergência. 

Em Kharkiv, uma grande cidade perto da fronteira com a Rússia, bombardeios pesados ocorreram no início da noite, informou a AFP.

Os russos "não estão mirando em nenhum alvo militar, ontem à noite houve apenas bombardeios de artilharia de todos os tipos em áreas residenciais", disse uma fonte da 92ª Brigada, uma das unidades que defendem a cidade. 

De acordo com Oleg Sinegubov, governador da região de Kharkiv, uma pessoa foi morta e três ficaram feridas em um bombardeio "em larga escala" em Dergachi, um subúrbio ao norte de Kharkiv. Combates intensos e bombardeios continuaram em Izium, o ponto mais disputado da região, disse ele no Telegram. 

Mais ao oeste, duas pessoas foram mortas e dois edifícios, incluindo um depósito de combustível, foram destruídos em um ataque com mísseis a uma instalação militar na região central de Dnipro, segundo seu governador Valentin Reznichenko. 

Separatistas pró-Rússia na região de Donbass, na Ucrânia, disseram nesta quinta-feira que controlam quase toda Lugansk e mais da metade de Donetsk, uma afirmação que não pode ser verificada de forma independente. 

Enquanto isso, na Rússia, a popularidade de Vladimir Putin subiu 12 pontos em relação a fevereiro, com 83% dos entrevistados aprovando seu desempenho, de acordo com uma pesquisa publicada pelo instituto independente Levada, a primeira desde o início da ofensiva na Ucrânia.

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