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EUA

Nova versão do vírus da poliomielite pode estar circulando há um ano; entenda

Em regiões com muitas pessoas não vacinadas, o vírus pode continuar circulando

Vacina contra a pólio Vacina contra a pólio  - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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A poliomielite pode ter circulado por um ano e estava presente nas águas residuais de Nova York já em abril, de acordo com um novo relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Uma amostra de águas residuais coletada em abril, em Orange County, NY, testou positivo para o vírus. As autoridades haviam anunciado anteriormente que o vírus havia sido encontrado em amostras de águas residuais, que remontam a maio, no condado vizinho de Rockland.

Mudanças no genoma do vírus sugerem que essa versão está circulando, em algum lugar do mundo, por até um ano. Versões geneticamente semelhantes do vírus foram detectadas em Israel, em março e na Grã-Bretanha, em junho.

O novo estudo fornece mais detalhes sobre o caso de poliomielite detectado em Nova York no mês passado, quando as autoridades anunciaram que um jovem adulto no condado de Rockland ficou paralisado por poliomielite. Foi o primeiro relato da doença nos Estados Unidos desde 2013.

As descobertas não são totalmente surpreendentes, especialmente porque a poliomielite, que é altamente contagiosa, muitas vezes se espalha sem causar sintomas graves, segundo Joseph Eisenberg, epidemiologista de doenças infecciosas da Universidade de Michigan. “Pode estar circulando bastante extensivamente, ficando fora do radar, antes de você realmente começar a ver casos de paralisia”, diz ele.

As autoridades haviam alertado anteriormente que o paciente do condado de Rockland era provavelmente a “ponta do iceberg”.

De acordo com o novo estudo, em pelo menos um dos endereços do condado, apenas 37% das crianças com menos de 24 meses receberam as três doses da vacina contra a poliomielite.

O paciente, que não havia sido vacinado contra a poliomielite, foi hospitalizado em junho após desenvolver sintomas como febre, rigidez de nuca e fraqueza nos membros inferiores. O vírus da polio, que se espalha principalmente pelas fezes, foi posteriormente detectado nas fezes do paciente.

O sequenciamento genômico revelou que o paciente estava infectado com uma versão do vírus derivada da vacina oral contra a poliomielite, que contém uma versão enfraquecida do vírus. A vacina oral não é usada nos Estados Unidos desde 2000 — As crianças americanas são rotineiramente imunizadas com uma vacina injetada.

A vacina oral é segura e eficaz, mas as pessoas que a recebem podem liberar o vírus enfraquecido nas fezes por semanas e potencialmente infectar outras pessoas. Em comunidades com muitas pessoas não vacinadas, o vírus pode continuar circulando e, eventualmente, adquirir mutações suficientes para se tornar novamente perigoso.

A descoberta do caso em Rockland levou especialistas em saúde a começar a testar amostras de águas residuais coletadas na região, incluindo aquelas que haviam sido coletadas anteriormente para vigilância do coronavírus.

As autoridades haviam anunciado anteriormente que haviam encontrado o vírus em 20 amostras de águas residuais coletadas nos condados de Rockland e Orange e que todas haviam sido geneticamente ligadas à amostra do paciente.

O novo estudo revelou que uma 21ª amostra, coletada em Orange County em abril, também deu positivo para o vírus. No entanto, não havia informações genômicas suficientes para vinculá-la às outras amostras.

Foram testadas 260 amostras de águas residuais dos condados de Rockland e Orange, em 10 de agosto, e a poliomielite foi detectada em 8% delas, de acordo com o novo estudo.

— Isso sugere que há uma propagação comunitária espalhada sob o radar — diz John Dennehy, virologista e especialista em vigilância de águas residuais do Queens College.

O vírus também foi encontrado em seis amostras de águas residuais da cidade de Nova York.

O paciente do condado de Rockland provavelmente foi exposto à poliomielite uma a três semanas antes de desenvolver sintomas, observou o relatório. Ele não viajou para o exterior durante esse período, mas participou de “uma grande reunião”, segundo o estudo.

A poliomielite foi detectada em águas residuais no condado de Rockland 25 dias antes do paciente desenvolver sintomas, sugerindo que outros haviam sido infectados antes.

— O fato de encontrarmos o vírus no esgoto 25 dias antes significa que ele provavelmente nem é o segundo caso — diz Eisenberg.

As pessoas que receberam três doses da vacina inativada contra a poliomielite estão bem protegidas contra o vírus, mas ele representa um perigo potencial para pessoas não vacinadas, incluindo crianças muito jovens para serem vacinadas.

Nacionalmente, as taxas de vacinação contra a poliomielite são relativamente altas. Mas há regiões no país, inclusive em Nova York, onde as taxas de vacinação são muito mais baixas, e a pandemia atrasou as campanhas de vacinação infantil.

Em julho de 2020, apenas 67% das crianças do condado de Rockland, com menos de 24 meses, haviam recebido três doses da vacina contra a poliomielite, um número que caiu para 60% neste mês, segundo o estudo.

Depois que o caso do condado de Rockland foi detectado, o Departamento de Saúde local iniciou uma campanha de vacinação, mas o número de injeções aplicadas “não foi suficiente para aumentar significativamente” as taxas de vacinação, relataram os pesquisadores.

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