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MEIO AMBIENTE

Pesquisadores registram duas novas espécies de lagartos no Nordeste brasileiro

O estudo tem a participação de pesquisadores da UFPE

Phyllopezus diamantino, uma das espécies descobertasPhyllopezus diamantino, uma das espécies descobertas - Foto: Cortesia/pesquisadores

Duas novas espécies de lagartos, descobertas nos estados da Bahia e de Alagoas, foram catalogadas por um grupo internacional de pesquisadores, que tem a participação de representantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

O Phyllopezus diamantino foi encontrado apenas em três localidades da Bahia: Serra do SincoráChapada Diamantina e o município de Mucugê. A outra espécie, o Phyllopezus selmae, teve apenas uma região de ocorrência, na Mata Atlântica e áreas de transição com a Caatinga no estado de Alagoas

O doutorando em Biologia Animal da UFPE, Marcos Dubeux, é autor líder da publicação e ressalta a importância de registrar novas espécies.

“Conhecer é o primeiro passo para conservar. Só conseguimos proteger aquilo que conhecemos. Além de ser crucial para o desenvolvimento de estudos e pesquisas científicas, descrever a diversidade de espécies que existem é uma das ferramentas iniciais para a avaliação do status de conservação e desenvolvimento de planos e políticas públicas de conservação”, diz, em entrevista a Folha de Pernambuco

Características

As novas espécies de lagartixas possuem hábitos noturnos: se escondem entre as frestas das rochas durante o dia e saem pela noite para se alimentar de insetos e outros invertebrados. São encontradas em rochas, leitos de rios ou complexos de montanhas, assim como as outras conhecidas do gênero.  

"Uma característica peculiar dessas lagartixas é que, quando se sentem ameaçadas, emitem um som parecido com um grito para tentar assustar o potencial predador", conta Dubeux.

Uma das principais diferenças das duas descobertas para outras espécies já identificadas, além do fator genético, é o tamanho maior do corpo, que pode ultrapassar 17 cm da ponta do focinho até a ponta da cauda. A cor e o padrão de manchas, número, tamanho e formato das escamas, dentre outras características, também ajudaram os pesquisadores a identificar as espécies.

Novos Estudos 

O Brasil é conhecido por ser o país com maior biodiversidade no mundo. De com uma mapeamento de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em parceria com a Universidade de Yale, dos Estados Unidos, o território brasileiro é responsável por 10% de todo potencial mundial para descoberta de novas espécies. A Mata Atlântica, por exemplo, é um dos biomas mais endêmicos, ou seja, com mais espécies nativas da região, que não são encontradas em outros lugares do planeta. Marcos Dubeux alerta sobre a importância de continuar os estudos para compreender possíveis riscos e graus de conservação das novas espécies catalogadas.

“Muitas dessas espécies, que chamamos de espécies crípticas, como no caso das novas espécies de lagartixas, são muito parecidas entre si e, embora conhecidas por pesquisadores, são identificadas como uma mesma espécie. Esse contexto pode passar a falsa impressão de ampla distribuição a populações que, na realidade, correspondem a espécies distintas, restritas geograficamente e sob distintos graus de ameaça”, explica o biólogo.

Além disso, o local de ocorrência de uma das espécies é berço de uma biodiversidade única, com possibilidade de um risco maior de extinção, como ressalta o pesquisador: "A Serra do Sincorá, na Chapada Diamantina, Bahia, é conhecida por apresentar um alto grau de endemismo, ou seja, muitas das espécies conhecidas para essa serra só ocorrem ali e em nenhum outro lugar do mundo. É possível que a pequena área de distribuição dessa espécie possa indicar que ela já está ameaçada de extinção".

A descoberta foi descrita no artigo “Two new species of geckos of the genus Phyllopezus Peters, 1878 (Squamata: Gekkota: Phyllodactylidae) from northeastern Brazil”, publicado na revista científica neozelandesa Zootaxa.

Além de Marcos Dubeux,  também assinam o artigo os pesquisadores Pedro Nunes, da UFPE; Tamí Mott, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal); Fernanda Werneck, do Inpa/Manaus; Tony Gamble, da Marquette University e University of Minnesota, Estados Unidos e Miguel Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP); Ubiratan Gonçalves (Ufal), Cristiane Palmeira, da Ufal e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e José Cassimiro (USP).

 

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