Novidade: medicamento de combate à obesidade pode chegar ao Brasil no começo de 2023
Inicialmente, a redução do peso corporal pode ser de 21%
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Medicamento aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicação dos Estados Unidos, para tratamento da diabetes tipo 2, pode se tornar importante arma contra a obesidade e chegar em breve ao Brasil. Segundo a farmacêutica Eli Lilly, que desenvolveu a tirzepatida, o aval para uso da droga já foi solicitado à Anvisa e, se aprovado, pode estar disponível "em meados de 2023". Além disso, os resultados dos testes clínicos para avaliar a eficácia no emagrecimento foram publicados no início de junho pela revista científica The New England Journal of Medicine, e comprovaram uma redução de até 21% do peso corporal de participantes com cerca de 104,8 kg, inicialmente.
Não é de hoje que remédios antidiabéticos são utilizados contra a obesidade. Quando falamos em emagrecimento entramos em um assunto que deixa muitas dúvidas e mitos sobre o processo como ocorre. Inúmeras promessas para combater o ganho de peso, fórmulas mágicas e procedimentos. Para se ter ideia, se digitássemos no Google "fórmulas para emagrecimento, há 10 anos teríamos, 50 vezes menos “criações” para a perda de peso.
Parece existir uma necessidade de "criação" de tentativas que combatam o acúmulo de gordura. No entanto, nada disso supera os bons hábitos de vida, que incluem alimentação equilibrada, sono de qualidade, intestino regulado e atividade física (os 4 pilares da saúde). Sabemos que o acúmulo de gordura é multifatorial e inclusive citei aqui em outra oportunidade sobre o intestino e o ganho de peso. Hoje trago para vocês algo que é bastante utilizado por nós médicos na tentativa de intervir no ganho de peso.
Saliento que o acúmulo de gordura tem como causa comum o excesso de insulina no nosso sangue, produzido em decorrência do uso excessivo de açúcares refinados e gorduras saturadas. Uma pessoa que se alimenta dessa forma rotineiramente eleva a taxa de açúcar no sangue e predispõe ao fenômeno da glicação, responsável por desregular a comunicação entre os receptores celulares e os seus hormônios específicos. Dessa maneira, a insulina, por exemplo, não consegue uma boa comunicação com o seu receptor e não exerce bem a sua função. Então, o pâncreas (órgão produtor deste hormônio) exagera na liberação de mais insulina no sangue, isso leva à resistência à insulina e com isso o seu organismo tem capacidade aumentada de acumular gordura.
Entendendo esta situação, os antidiabéticos foram medicações criadas para regular esta fisiologia que é concentrada na resistência à insulina. Um deles muito utilizado é o Liraglutida, que simula o hormônio GLP-1 do seu corpo, que melhora a sensibilidade à insulina, ou seja, a atuação da insulina ao seu receptor. Assim, não há acúmulo excessivo de gordura corporal. Por isso, crescem cada vez mais estudos voltados a utilização dos antidiabéticos no tratamento da obesidade, pois é um fato que existe uma grande dificuldade de emagrecer com a insulina alta no seu organismo.
Para utilização desse tipo de medicamento é essencial uma consulta com um médico que avaliará sinais e sintomas de resistência à Insulina, como a acantose nigricans (manchas características na pele em região de dobras), gordura abdominal em excesso e fome aumentada. Ademais, serão solicitados exames específicos para confirmação diagnóstica e assim o tratamento será proposto. Assim, atualmente cresce cada vez mais uma relação entre o uso de antidiabéticos e o emagrecimento.
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Rafael Coelho
Pílulas
Pesquisa ARASENS indica risco de morte 32,5% menor em tratamento combinado com darolutamida
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Por esta razão, a comunidade científica global dedica constantes esforços em pesquisas em busca de novos tratamentos que possam beneficiar pacientes acometidos pela doença. Uma dessas pesquisas é o ARASENS, apresentado neste mês de junho no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), o maior congresso de oncologia do mundo. O estudo pode trazer um novo panorama para o tratamento de câncer de próstata. A análise primária foi realizada, no total, com 1.306 pacientes com a doença resistente à castração – destes, 86,1% estavam com metástase no diagnóstico inicial. O estudo concentrou esforços em achar soluções para o tratamento do câncer de próstata metastático sensível a hormônio (mHSPC), ou seja, quando o paciente já está em um estágio avançado da doença. A excelente notícia é que o ARASENS demostrou risco de morte 32,5% menor – no tratamento com darolutamida mais terapia de privação de andrógeno (ADT) e docetaxel versus tratamento apenas com ADT e docetaxel, sendo este último o atual tratamento padrão. Além disso, ambos os tratamentos mantiveram taxas de eventos adversos (EA) similares. No Brasil, o processo para aprovação desse novo tratamento já foi submetido à avaliação da Anvisa e a previsão é que o parecer final da Agência seja dado em setembro deste ano.
Junho Laranja: Mês de Combate a Leucemia
A Campanha Junho Laranja busca a conscientização sobre a leucemia, tipo de câncer que atinge a medula, causando anormalidade no número e função dos glóbulos brancos (nossas células de defesa). Estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que para cada ano do triênio 2020-2022 serão diagnosticados mais de 10 mil casos novos de leucemia no Brasil, sendo 5.920 em homens e de 4.890 em mulheres. A hematologista Lorena Costa, da Multihemo Oncoclínicas, alerta para os sintomas da doença.
"É preciso ficar atento a sinais como febre ou calafrios; fadiga e fraqueza persistentes; infecções frequentes ou graves; perda de peso sem motivo aparente; nódulos linfáticos inchados; dores nos ossos e articulações, e sangramentos não causados por traumas ou desproporcionais aos traumas", explica.
Palavra do Especialista
Junho Violeta faz alerta sobre prevenção do ceratocone
Doença ocular atinge 150 mil brasileiros, por ano, sendo a maior causa de transplante de córnea no país
A campanha Junho Violeta – mês de conscientização e prevenção ao Ceratocone busca alertar à população sobre essa doença ocular que causa alterações estruturais no olho. Estima-se que a enfermidade atinge em torno de 150 mil pessoas por ano, sendo a maior causa de transplante de córnea no Brasil.
“Ainda não sabemos a causa exata, mas diversos estudos sugerem que a origem é multifatorial, ou seja, aspectos genéticos, ambientais e celulares podem ser o gatilho para o início da patologia”, afirma a oftalmologista do Instituto de Olho do Recife, Marília Medeiros, especialista em córnea, catarata, refrativa e oftalmologia geral.
O ceratocone é uma doença rara, que se manifesta principalmente entre a população mais jovem, com idade entre 10 e 25 anos, e pode progredir até a quarta década de vida ou estabilizar-se com os anos.
“Ela se inicia de modo insidioso, na maioria das vezes como miopia ou astigmatismo irregular, o que faz com que o paciente troque o grau com maior frequência”, explica Marília.
Pacientes alérgicos têm maior possibilidade de desenvolver a enfermidade, representando um terço das pessoas com ceratocone.
“Quem tem rinite alérgica acaba esfregando ou coçando mais os olhos e isso pode desencadear a doença. Nesses casos, o tratamento precoce pode minimizar os sintomas e diminuir sua progressão”, comenta a médica. Também há uma incidência maior entre pessoas com síndrome de down ou com alterações oculares congênitas, como catarata ou a esclerótica azul.
SINTOMAS - Os primeiros sintomas do ceratocone são baixa acuidade visual, que vai de moderada a severa, visão embaçada, visão dupla (diplopia), sensibilidade à luz (fotofobia), comprometimento da visão noturna, formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz. A doença apresenta estágios evolutivos.
“No início, não há alterações importantes, apenas uma baixa da visão, mas em etapas avançadas os danos são mais evidentes”, diz a oftalmologista.
Além de deixar a parte central da córnea mais fina, o ceratocone modifica sua curvatura, contribuindo para a perda de elementos estruturais.
“A córnea é uma camada fina e transparente, que encobre toda a frente do globo ocular. Com a doença, ela é empurrada para fora, formando uma saliência com o formato de um cone, o que prejudica a acuidade visual”, explica.
TRATAMENTOS – No começo do ceratocone, as alterações podem ser corrigidas com o uso de óculos. À medida que a doença progride, as lentes de contato específicas melhoram bastante a visão. Nos casos de rápida progressão, o tratamento indicado é o CXL ou Crosslinking.
“Esse procedimento promove uma estabilização ou retardamento no avanço da doença”, destaca a médica do IOR.
Em estágios moderados, o implante de anéis intra-estromais na córnea é um forte aliado na correção da curvatura da córnea e consequente melhora da acuidade visual. Já na fase mais avançada da doença, é necessário fazer transplante de córnea.
“Nesses casos, os transplantes são a única alternativa”, afirma Marília.
Segundo ela, além de informar à população sobre o ceratocone, a campanha Junho Violeta serve de alerta para os cuidados gerais com a visão.
“É essencial que as pessoas vão ao oftalmologista, ao menos, uma vez ao ano, e façam seus exames. O tratamento da maioria das doenças oculares tem melhores resultados quando o diagnóstico é precoce e com o ceratocone não é diferente”.