PESQUISA

Novo estudo desmascara teoria de que pessoas deprimidas são mais realistas

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley afirmam quem o conceito de 'realismo depressivo' não procede

Problemas psicológicos foram agravadosProblemas psicológicos foram agravados - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Provavelmente, toda pessoa com depressão já ouviu de alguém que deveria "olhar para o lado positivo da vida" para melhorar. Por mais simplista e até mesmo frustrante que esse conselho pareça, ele está ancorado em uma teoria científica chamada "Realismo Depressivo". Segundo seus defensores, pessoas deprimidas ficam assim porque são mais realistas. Entretanto, um novo estudo acaba de desmascarar essa teoria.

O conceito de "realismo depressivo" surgiu no fim da década de 1970, quando um estudo com estudantes universitários avaliou os participantes poderiam prever quanto controle eles tinham sobre se uma luz ficava verde quando apertavam um botão. Na época, os pesquisadores concluíram que os alunos deprimidos eram melhores em identificar quando não tinham controle sobre as luzes, enquanto aqueles que não estavam deprimidos tendiam a superestimar seu nível de controle.

Mais de quatro décadas depois, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, decidiram replicar esse estudo para ver se os resultados se comprovavam. No entanto, o novo estudo mostrou que os resultados originais não se sustentam.

No novo trabalho, a equipe decidiu reaplicar um experimento semelhante. Mas, dessa vez, eles se preocuparam em considerar todos os fatores que poderiam influenciar nos resultados. Antes do experimento, todos os participantes foram avaliados para depressão. Além disso, foram avaliados dois grupos: um composto por 248 participantes adultos on-line e outro por 134 estudantes universitários.

Todos os voluntários realizaram uma tarefa semelhante à do estudo de 1979. Em 40 rodadas, cada um escolheu pressionar um botão que, em seguida, mostrava uma lâmpada ou uma caixa preta. Cada um foi instruído a descobrir se apertar - ou não - o botão fazia a luz acender ou não. Em seguida, cada participante relatava quanto controle sua atitude tinha sobre a luz.

Dessa vez, os resultados, publicados na revista Collabra: Psychology, mostraram que as pessoas do grupo on-line com um nível mais alto de depressão superestimaram seu controle, o que representa uma contradição direta ao estudo original. No grupo de estudantes universitários, os níveis de depressão tiveram pouco impacto em sua percepção de controle.

Os pesquisadores também testaram o excesso de confiança. Os participantes do estudo foram convidados a estimar suas pontuações em um teste de inteligência. A depressão também não teve impacto.

De acordo com os autores, o resultado indica que estar deprimido não traz nenhum benefício sobre sua capacidade de julgamento da realidade. Segundo eles, isso é importante porque o estudo original influenciou a ciência, a cultura e até políticas de tratamento de saúde mental. Dados do Google Scholar mostram que ele foi citado mais 2 mil vezes em estudos ou pesquisas subsequentes.

“A boa notícia é que você não precisa estar deprimido para entender quanto controle você tem", disse Don Moore, professor da UC Berkeley e coautor do estudo.

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