Novo medicamento da mesma empresa do Ozempic reduz 22% do peso total em apenas 9 meses
Resultados preliminares dos testes com a amicretina injetável foram anunciados pela Novo Nordisk nesta sexta-feira
A Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa responsável pelos medicamentos Ozempic e Wegovy, anunciou nesta sexta-feira resultados preliminares de seu novo remédio em desenvolvimento para tratar a obesidade, a amicretina. Os testes mostraram que a injeção proporcionou uma perda de 22% do peso corporal após 36 semanas, cerca de nove meses de tratamento.
Em nota, Martin Lange, vice-presidente executivo de Desenvolvimento da Novo Nordisk, diz que os resultados são "encorajadores" e “apoiam o potencial de redução de peso” do novo medicamento, que tem uma versão oral também em estudo. Os testes foram de fase 1/2, e a empresa pretende dar continuidade para concluir as três etapas necessárias antes de um pedido de aprovação.
A amicretina foi avaliada por meio de injeções subcutâneas a cada semana em um grupo pequeno de 125 voluntários com sobrepeso ou obesidade. O objetivo principal era analisar o perfil de segurança do medicamento. Segundo a farmacêutica, ele foi consistente com outros remédios da categoria - os eventos adversos mais comuns foram gastrointestinais, e a maioria foi leve a moderado.
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Em uma análise secundária, os pesquisadores observaram o efeito no peso ao longo dos meses. No início dos testes, os participantes tinham em média 92,7 kg. Aqueles que receberam o tratamento com amicretina alcançaram uma perda de peso que variou de 9,7%, com a dose mais baixa de 1,25 mg por semana, até 22%, com a dose mais alta de 20 mg a cada 7 dias. Entre os voluntários que receberam um placebo, para comparação, a redução do número na balança foi de aproximadamente 2%.
O que é a amicretina?
A amicretina é um novo fármaco da classe dos agonistas de GLP-1, que começaram a ser desenvolvidos com foco no tratamento da diabetes, mas ganharam destaque ao promover uma eficácia inédita para perda de peso com menos efeitos colaterais do que as alternativas anteriores. O principal exemplo de medicamento da classe é a semaglutida, do Ozempic e do Wegovy, também desenvolvida pela Novo Nordisk.
Essa classe de remédios atua interagindo com os receptores do hormônio GLP-1 no corpo humano. Essa ação induz a produção de insulina no pâncreas, motivo pelo qual são usados para tratar diabetes, mas também promove uma sensação de saciedade no cérebro e, no estômago, reduz a velocidade de digestão da comida. Com isso, a pessoa sente menos fome e, consequentemente, reduz as calorias ingeridas e perde peso.
Porém, novas gerações do medicamento já são uma realidade buscando interagir não apenas com os receptores do GLP-1, como também de outros hormônios, de modo a aumentar a eficácia. É o caso da amicretina, que também simula a ação da amilina, um hormônio produzido no pâncreas que tem papel fundamental no equilíbrio do açúcar no sangue.
A estratégia elevou a redução do peso. A semalgutida, por exemplo, proporciona uma perda de em média 17,4% após 68 semanas, segundo um estudo clínico publicado na JAMA, enquanto a amicretina alcançou 22% em somente 36 semanas.
Já a tirzepatida, do remédio Mounjaro, da Eli Lilly, simula o GLP-1 e outro hormônio intestinal chamado GIP. Com isso, leva a uma perda de 25,3% do peso, porém após 88 semanas, de acordo com os resultados dos testes publicados também na JAMA.
Amicretina oral também tem resultados positivos
Os resultados anunciados nesta sexta-feira são da amicretina aplicada de forma injetável e semanal, assim como ocorre com o Ozempic, o Wegovy e o Mounjaro. Mas a Novo Nordisk conduz testes também de uma versão oral, em comprimidos, que pode facilitar a adesão ao medicamento, e cujos resultados preliminares são animadores.
Em setembro do ano passado, a farmacêutica dinamarquesa anunciou que o estudo de fase 1 com o comprimido diário de 50 mg da amicretina levou a uma perda de 10,4% do peso após 12 semanas, cerca de três meses. Já os participantes que tomaram dois comprimidos por dia alcançaram uma redução de 13,1%. Enquanto isso, os voluntários que receberam placebo viram o número na balança diminuir em apenas 1,1%.
Os efeitos colaterais foram semelhantes aos observados em outros análogos de GLP-1, majoritariamente gastrointestinais e de intensidade leve a moderada. No entanto, tanto a versão oral da amicretina, como a injetável, ainda precisa passar por mais testes clínicos, com números maiores de participantes, antes de concluir todas as etapas necessárias para um pedido de aprovação às agências reguladoras.
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Enquanto isso, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já deu sinal verde para a venda do Ozempic, do Wegovy e do Mounjaro. Os dois primeiros já estão disponíveis nas farmácias, enquanto o Mounjaro ainda não chegou ao país devido à alta demanda global.
O Ozempic tem indicação na bula para tratamento da diabetes, mas é usado de forma off-label para perda de peso, especialmente enquanto o Wegovy não estava disponível. O Wegovy, que tem o mesmo princípio ativo do Ozempic, a semaglutida, porém numa dosagem maior, tem aprovação da Anvisa para tratar a obesidade.
Já o Mounjaro, assim como o Ozempic, tem o aval no país apenas para pacientes com diabetes. No entanto, a Anvisa analisa o pedido de aprovação para obesidade. Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) já autorizou a versão do medicamento com indicação de perda de peso que, embora tenha a exata mesma composição e dosagem do Mounjaro, é vendida sob o nome comercial de Zepbound.