Novos bombardeios em Gaza em meio à preocupação com pacientes de hospital cercado por Israel
Durante a noite, novos bombardeios israelenses deixaram cerca de 100 mortos em Gaza, indicou o Ministério da Saúde
Israel anunciou neste sábado(17) a prisão de 100 suspeitos de atividades "terroristas" durante uma operação militar em um dos principais hospitais da Faixa de Gaza, onde a situação dos pacientes e funcionários é preocupante.
Durante a noite, novos bombardeios israelenses deixaram cerca de 100 mortos em Gaza, indicou o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo movimento islamista Hamas desde 2007.
Segundo o órgão, ao menos 120 pacientes e cinco equipes médicas estão bloqueados sem água, comida e eletricidade no hospital Nasser, em Khan Yunis, a principal cidade do sul, onde Israel concentra sua ofensiva há semanas.
Sem gerador de eletricidade, seis pacientes morreram por falta de oxigênio e "bebês recém-nascidos correm risco de morrer", afirmou a fonte. O Exército de Israel cercou o hospital na quinta-feira alegando que recebeu "informações confiáveis" de que reféns sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro estariam no local, alguns deles mortos.
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Neste sábado, informou que prendeu 100 suspeitos de "atividade terrorista", apreendeu armas e encontrou "medicamentos com nomes dos reféns israelenses". Israel acusa o Hamas de de operar a partir de hospitais, algo que nega. O movimento é considerado uma organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
O ataque do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, deixou 1.160 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem realizada pela AFP com base em dados oficiais israelenses. Integrantes do Hamas sequestraram 250 pessoas em 7 de outubro, 105 das quais foram trocadas por 240 presos palestinos. Israel afirma que 130 pessoas permaneceram em cativeiro, 30 das quais morreram desde então.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que deixou 28.858 mortos, a maioria mulheres e menores, segundo o ministério da saúde do governo do Hamas. A ofensiva devastou grande parte do território palestino e forçou 1,7 milhão de pessoas, quase 80% da população, a abandonar suas casas, segundo a ONU.
Israel também impôs um cerco "total" causando escassez de alimentos, água e medicamentos na Faixa de Gaza.
Hamas exige cessar-fogo
A incursão no hospital Nasser foi criticado pelas Nações Unidas, mas o Exército israelense insiste que fez o possível para manter o abastecimento de energia.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos indicou que a incursão parece "fazer parte de um padrão de ataques das forças israelenses contra a infraestrutura civil essencial para salvar vidas em Gaza, principalmente hospitais".
Uma testemunha disse à AFP, sob anonimato, que os militares atiraram "contra qualquer um que se movesse dentro do hospital".
Negociações de alto nível para alcançar um cessar-fogo foram realizadas no Cairo esta semana, sem nenhuma indicação até agora dos seus resultados.
O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, reiterou as exigências do grupo que incluem um cessar-fogo, a retirada do Exército israelense, o levantamento do bloqueio e a garantia de abrigo seguro para os deslocados.
No norte de Gaza, muitos palestinos lutam contra a fome e o desespero os leva a moer ração de animais para fazer farinha. "Vamos morrer de fome, não por bombas ou mísseis", afirmou Mohamed Nasar, de 50 anos, de Jabalya.
A Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA), que advertiu que a população de Gaza está à beira da fome, acusou Israel de lançar uma campanha para destruir esta organização. A pressão internacional também tentar fazer com que Israel se abstenha de lançar uma ofensiva contra Rafah, no extremo sul da Faixa, onde se concentram 1,4 milhão de civis, a maioria deslocados pela guerra.
Várias testemunhas afirmaram ter ouvido explosões no início da manhã nesta localidade, na fronteira com o Egito.