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SAÚDE

Novos estudos mostram que a amamentação após o câncer de mama é segura

Ambos os trabalhos fazem parte do congresso anual realizado pela Sociedade Europeia de Medicina Oncológica

Novos estudos mostram que a amamentação após o câncer de mama é seguraNovos estudos mostram que a amamentação após o câncer de mama é segura - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, depois do câncer de pele não melanoma, em escala nacional e global, de acordo com o Ministério da Saúde.

Por isso, existe uma preocupação recorrente de que a amamentação traga algum risco maior de recorrência ou de desenvolvimento de novos cânceres de mama em mulheres com predisposição genética à doença.

Pesquisadores encontraram as primeiras evidências de que diferente do que se pensa, em todo caso, amamentar é seguro.

Dois estudos que serão apresentados no congresso anual realizado pela Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (sigla ESMO em inglês), no dia 14, mostraram que a amamentação não é um gatilho para a doença em mulheres anteriormente diagnosticadas com câncer de mama.

O primeiro deles focou no grupo de portadoras de mutação germinativa BRCA, as quais permanecem em alto risco de desenvolver um segundo câncer de mama na outra mama.

Para a pesquisa, foram acompanhadas quase 5.000 mulheres jovens portadoras de uma mutação BRCA da linha germinativa que sobreviveram ao câncer de mama. Deste grupo, 474 deram à luz. Quase uma em cada quatro das amamentaram seu bebê; pouco menos da metade não conseguiu amamentar porque ambas as mamas foram removidas para reduzir o risco futuro de câncer.

Todas as mães foram acompanhadas por sete anos. Como resultado, os pesquisadores descobriram que não houve diferença no número de recorrências de câncer de mama ou novos cânceres de mama em mulheres que amamentaram seus bebês em comparação com aquelas que não amamentaram.

Outro ponto é que também não houve diferença na sobrevida livre de doença ou na sobrevida global.

"Isso indica a possibilidade de essas mulheres atingirem um equilíbrio entre as necessidades da mãe e as do bebê", disse a Dra. Eva Blondeaux, Oncologista, IRCCS Ospedale Policlinico San Martino, na Itália, que apresentará um dos estudos.

O segundo estudo apresentado expandiu a linha de pesquisa para além da presença do BRCA e abordou as mulheres com câncer de mama precoce com receptor hormonal positivo. Nele, foram encontrados resultados semelhantes ao anterior em que nenhum risco extra foi associado à amamentação.

Este, por sua vez, analisou 518 mulheres que interromperam temporariamente o tratamento do câncer de mama devido a gestação. Do total, 317 delas tiveram pelo menos um filho vivo e 62% optaram por fazer a amamentação.

Os cientistas notaram que aos dois anos do primeiro nascimento vivo, a proporção de mulheres com recorrência do câncer de mama ou novo câncer de mama foi semelhante entre aquelas que amamentaram (3,6%) e aquelas que não amamentaram (3,1%). Ou seja, a amamentação não apresentou interferência.

Anteriormente, já havia sido mostrado por outras pesquisas que nem os tratamentos de reprodução assistida nem a gravidez estão associados ao aumento do risco de recorrência ou de novos casos de câncer de mama.

"Esses resultados são essenciais para mulheres que desejam engravidar e amamentar seus bebês após o câncer de mama. É hora de começar a pensar nas sobreviventes do câncer de mama como mulheres com todos os direitos, necessidades e possibilidades de mulheres que nunca tiveram câncer", disse o Dr. Fedro Alessandro Peccatori, Diretor da Unidade de Fertilidade e Procriação do Instituto Europeu de Oncologia IRCCS, na Itália, coautor do estudo.

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