França

Novos protestos na França antes da votação da reforma da Previdência

A polícia calcula que entre 650 mil e 850 mil manifestantes devem sair às ruas

Novos protestos na França antes da adoção da reforma da PrevidênciaNovos protestos na França antes da adoção da reforma da Previdência - Foto: Sameer Al-Doumy / AFP

Os franceses voltaram às ruas nesta quarta-feira (15) para aumentar a pressão sobre o Parlamento e impedi-lo de adotar a impopular reforma da Previdência promovida pelo presidente liberal Emmanuel Macron.

O oitavo dia de protestos, convocado pelos sindicatos, coincidiu com a reunião entre sete deputados e sete senadores, que chegaram a um consenso sobre o texto único sobre a reforma, um passo fundamental para sua possível aprovação na quinta-feira.

"Eu digo aos parlamentares: não votem a favor desta lei, ela está desconectada da realidade concreta do trabalho", disse o líder do sindicato reformista CFDT, Laurent Berger, no início da manifestação em Paris.

Segundo a central sindical CGT, os protestos na capital francesa reuniram 450.000 pessoas, contra os 37.000 estimados pela polícia.

Dois em cada três franceses se opõem ao plano de Macron de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuir com 43 anos (e não 42, como agora) para receber uma aposentadoria completa.

"Penalizar com mais dois anos de trabalho é grave quando você sabe que muitos empregos são difíceis e muitas pessoas estão desempregadas", disse à AFP Cécile Ouedraogo, uma aposentada que protestava em Bordeaux (sudoeste).

Embora a rejeição majoritária à reforma permaneça intacta desde seu anúncio em janeiro, os protestos parecem perder força.

A polícia estima que haverá entre 650.000 e 850.000 manifestantes nesta quarta-feira. Este número está longe do 1,28 milhão de pessoas que, segundo a polícia, foram às ruas em 7 de março (3,5 milhões, segundo o sindicato CGT), no maior protesto contra uma reforma social das últimas décadas.

Lançadas na semana passada pelos sindicatos, as greves prorrogáveis em setores-chave, como energia e transporte, também estão diminuindo. O principal ponto de tensão com o governo são as toneladas de lixo acumuladas em Paris.

O serviço ferroviário e o transporte público em Paris continuam prejudicados, mas o ministro dos Transportes, Clément Beaune, descartou um "dia sombrio". Apenas 20% dos voos foram cancelados no aeroporto de Orly.

No setor da energia, mais mobilizado, foram registradas novas quedas na produção de energia elétrica e prosseguiu o bloqueio dos transportes de combustíveis na maioria das refinarias. Os quatro terminais de GNL (gás natural liquefeito) continuam parados.

Haverá maioria?

Apesar das semanas de protestos, o governo se mantém firme em seu plano que busca evitar, em sua opinião, um déficit futuro no fundo de pensões. A maioria dos franceses acredita que o plano será aplicado, segundo as pesquisas.

A primeira-ministra, Élisabeth Borne, comemorou o texto acordado pela comissão mista de 14 senadores e deputados, que permite "preservar" o "sistema de pensões".

Paira, no entanto, a incerteza sobre se o projeto de lei resultante obterá a maioria necessária na quinta-feira na Assembleia Nacional (câmara baixa). O Senado também deve dar sua aprovação final nesse mesmo dia.

O governo procurou garantir "uma maioria natural", nas palavras do seu porta-voz, Olivier Véran, com a oposição de direita dos Republicanos, respondendo às garantias solicitadas para quem começou a trabalhar com menos idade.

Enquanto se aguardam os detalhes do projeto de lei consensual, ainda não se sabe se ele convenceu alguns dos deputados pró-governo e de direita dispostos a não aprová-lo.

O Executivo espera não ter de ativar outro procedimento parlamentar controverso na Assembleia para adotar essa reforma fundamental para o restante do segundo mandato de Macron, que vai até 2027.

Conhecido como 49.3, este mecanismo permite que o governo aprove o trâmite na Assembleia sem submeter a reforma à votação. A única forma de impedir sua adoção é os deputados apresentarem e aprovarem uma moção de censura contra o governo.

Seu uso deixaria a tensão ainda mais alta, principalmente quando opositores começam a refletir sobre os próximos passos em caso de adoção da reforma e a exigência de um referendo cidadão surge como um próximo objetivo.

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