Logo Folha de Pernambuco

AFEGANISTÃO

Número de mortos em atentado no Afeganistão sobe para 108, e EUA esperam novos ataques

Atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico Khorasan

Homem ferido é socorrido após duas explosões nas proximidades do aeroporto de CabulHomem ferido é socorrido após duas explosões nas proximidades do aeroporto de Cabul - Foto: WAKIL KOHSAR / AFP

Ao menos 95 afegãos e 13 militares americanos foram mortos no atentado ao aeroporto de Cabul, levando o total de vítimas a 108, segundo a agência de notícias Associated Press com base em levantamento de autoridades afegãs e americanas. Dentre os afegãos, ao menos 28 eram membros do Talibã.

O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico Khorasan, braço afegão do EI criado em 2014 e inimigo do grupo fundamentalista que tomou o poder no Afeganistão no último dia 15.


O presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu vingança contra os autores do atentado, e já começou a compartilhar informações de inteligência com o até agora rival Talibã para evitar novos ataques, o que o governo teme que aconteça já nesta sexta-feira (27).

Chefe do Comando Central dos Estados Unidos, o general Frank McKenzie afirmou que os militares americanos se preparam para novos atentados, incluindo possíveis carros-bomba e lançamento de foguetes contra o aeroporto, segundo a agência Reuters, e que está em contato com o Talibã. "Estamos fazendo tudo o que podemos para nos preparar", justificou a aliança ocasional.

Na quinta (26), duas explosões atingiram os arredores do terminal, onde afegãos e ocidentais se concentram para tentar uma vaga no processo de evacuação do país controlado pelo grupo fundamentalista Talibã após uma rápida ofensiva que derrubou o governo em Cabul.

Uma delas ocorreu na principal entrada do terminal aéreo, o Abbey Gate, e a outra se deu próxima ao hotel Baron, nas imediações do aeroporto. A embaixada dos EUA em Cabul relatou ainda disparos com armas de fogo.

O EI-K, ao assumir a autoria do atentado, afirmou que um de seus homens-bomba mirou afegãos que trabalharam para os Estados Unidos como tradutores ou que colaboraram de outra forma com o exército americano. Não está claro se a segunda explosão também foi feita em um ataque suicida ou se foi uma bomba plantada.

Vídeos feitos após o ataque mostram corpos empilhados em um canal próximo ao aeroporto, enquanto afegãos procuravam por amigos e familiares. "Vi corpos e membros voando pelo ar, como se fosse um tornado carregando sacolas de plástico", disse à agência Reuters uma afegã que testemunhou o ataque. "Aquele fio de água que passava por esse canal de esgoto virou sangue."

Soldados talibãs bloqueavam as ruas da região, impedindo o acesso de civis às operações de evacuação. "Tínhamos um voo, mas a situação ficou muito grave e as estradas foram fechadas", disse um morador.
Os atentados elevaram a pressão sobre Biden, criticado interna e externamente depois da rápida ascensão do Talibã ao governo. Na quinta, ele reafirmou que tomou a decisão correta sobre encerrar a operação no país, dizendo que isso evitará a perda de mais vidas americanas. O democrata também prometeu resgatar os americanos e seus aliados afegãos ainda no país.

O país, assim como seus parceiros ocidentais, correm para completar a evacuação até a próxima terça (31), data limite prometida pelos americanos. A Casa Branca afirmou nesta sexta que 105 mil pessoas já foram retiradas de Cabul. Segundo o general McKenzie, ainda há cerca de mil cidadãos americanos no país.

Outros países também aceleraram o processo de evacuação após o atentado. A Espanha afirmou que todo seu contingente diplomático já foi retirado do Afeganistão, e está em Dubai. O Reino Unido também entrou nos estágios finais de seu plano de resgate, com o Ministério da Defesa britânico dizendo que não convocará mais pessoas ao aeroporto de Cabul. A Suécia disse nesta sexta que encerrou a operação, com 1.100 pessoas retiradas, incluindo funcionários da embaixada e suas famílias.

Veja também

Chefe da Otan tem reunião com Donald Trump nos EUA
EUA

Chefe da Otan tem reunião com Donald Trump nos EUA

Homem de 25 anos acorda momentos antes de ser cremado na Índi

Homem de 25 anos acorda momentos antes de ser cremado na Índi

Newsletter