Irã

Número de mortos em incêndio em prisão de Teerã sobe para oito, enquanto protestos continuam no país

Protestos ocorrem desde o dia 16 de setembro, após a morte da jovem Mahsa Amini

Incêndio em prisão no TeerãIncêndio em prisão no Teerã - Foto: KOOSHA MAHSHID FALAHI/MIZAN/AFP

Pelo menos oito pessoas morreram no incêndio de sábado na prisão de Evin, em Teerã, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta segunda-feira (17) pela autoridade judicial iraniana, em meio à onda de protestos que o país vive pela morte da jovem Mahsa Amini.

"Quatro pessoas (feridas) morreram no hospital em consequência do agravamento do estado de saúde, o que elevou o balanço para oito falecidos", informou o site Mizan Online, a página da autoridade judicial do país. Todas as pessoas mortas estavam detidas por roubo, de acordo com o site.

As autoridades iranianas afirmaram no sábado que "malfeitores" provocaram os confrontos e um incêndio em um depósito de roupas no centro de detenção. Indicaram também que houve confrontos entre os presos e, posteriormente, entre detidos e os guardas que intervieram, antes de "voltar à normalidade".

"O que aconteceu na prisão de Evin foi um crime cometido por alguns elementos (ligados ao) inimigo", afirmou o chefe da Autoridade Judicial, Gholamhossein Mohseni Ejei, sem dar mais detalhes.

Líderes iranianos acusam o Ocidente, em particular os Estados Unidos, de fomentar os "distúrbios" no país, em alusão às manifestações pela morte, em 16 de setembro, da jovem Mahsa Amini, detida três dias antes pela polícia da moral de Teerã.

A agência oficial de notícias Irna afirmou que o incidente "não tem nenhuma relação" com as manifestações em várias partes do país contra a morte de Amini, que entraram na quinta semana apesar da repressão que já deixou pelo menos 122 vítimas fatais, de acordo com a ONG Iran Human Rights (IHR).

Seguindo medidas semelhantes dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, a União Europeia impôs sanções ao Irã, especificamente à polícia da moral e à 11 autoridades locais.

Anteriormente, o Irã havia alertado que reagiria “rapidamente” às medidas da UE, que descreveu como um “ato irracional”.

"Maus-tratos" 
Na prisão de Evin, ironicamente chamada de "Universidade Evin" pela quantidade de intelectuais nela detidos, estão atualmente várias pessoas presas durante os protestos e, em geral, presos políticos e de consciência, assim como estrangeiros ou pessoas com dupla cidadania.

De acordo com o advogado iraniano Saeid Dehghan, 19 advogados que tentaram defender os detidos durante os protestos também foram presos.

A IHR questionou a versão das autoridades iranianas. "Levando em consideração como as mentiras das autoridades viraram a norma, não aceitamos as explicações oficiais", afirmou a IHR, que tem sede em Oslo e indicou ter recebido informações de que os guardas tentaram incitar os detentos.

Após o incêndio, várias ONGs e o governo dos Estados Unidos expressaram preocupação com os prisioneiros, mas vários detentos estrangeiros conseguiram entrar em contato com suas famílias.

Parentes e grupos de apoio a prisioneiros como a pesquisadora franco-iraniana Fariba Adelkhah, o americano Siamak Namazi e os austríacos Kamran Ghaderi e Massoud Mossaheb informaram que eles estavam a salvo. O ministério italiano das Relações Exteriores informou que Alessia Piperno, cidadã do país detida em 28 de setembro no Irã, também estava segura.

Enquanto isso, o ativista iraniano Hossein Ronaghi, detido em Evin desde setembro, "mal conseguia falar" durante uma ligação com sua mãe, escreveu seu irmão no Twitter, alegando maus-tratos.

"Afinada máquina de repressão"
Mais de 40 grupos de direitos humanos, entre eles a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, condenaram, nesta segunda-feira, a situação no Irã e pediram ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que investigue urgentemente a "afinada máquina para reprimir sem piedade" os protestos em todo o país.

O movimento atual se tornou a maior onda de manifestações e violência no Irã desde os protestos de 2019 contra o aumento dos preços da gasolina neste país petrolífero.

Desde a morte de Amini sob custódia policial após ser detida por, supostamente, descumprir o rígido código de vestimenta obrigatório do Irã, os protestos continuam a se espalhar por todo o país, liderados por mulheres jovens, que queimam seus véus e não hesitam em confrontar a polícia.

No domingo, elas voltaram a se manifestar no Colégio técnico e profissional de Teerã, sob o lema de "Somos todos Mahsa Amini", segundo o IH.

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