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Número de mortos em terremoto em Turquia e Síria se aproxima de 24 mil

Mais de 5 milhões de pessoas na Síria podem ficar desabrigadas como resultado do terremoto

Destruição causada pelo terremoto em Kahramanmaras, na TurquiaDestruição causada pelo terremoto em Kahramanmaras, na Turquia - Foto: Ozan Kose/AFP

As equipes de resgate salvaram, nessa sexta-feira (10), várias crianças entre os escombros deixados pelo forte terremoto que atingiu a Síria e a Turquia na segunda, um dos mais mortíferos da região, com quase 24 mil mortos.

A ajuda humanitária começou a chegar à Turquia, mas o acesso à Síria, que está em guerra civil e com o regime sob sanções da comunidade internacional, é muito mais complicado.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, exigiu, por sua vez, "um cessar-fogo imediato" na Síria para facilitar o fornecimento de ajuda.

A ONU só pode enviar ajuda às áreas controladas pelos rebeldes no noroeste através da passagem de Bab al Hawa, na fronteira com a Turquia.

Segundo as Nações Unidas, as estradas por essa passagem estão em péssimo estado, e isto complica o fornecimento de ajuda. A guerra também destruiu hospitais e provocou problemas no abastecimento de energia elétrica e água na Síria.

"Enquanto [a passagem] estiver completamente operacional, haverá enormes quantidades de provisões prontas para entrar" na Síria, indicou Michael Ryan, responsável pela gestão de situações de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Hoje, o terremoto atrai de novo a atenção, mas o mundo se esqueceu da Síria", denunciou.

A diplomacia turca afirmou que está trabalhando para abrir outros dois pontos de passagem "com as regiões sob controle do governo sírio, por razões humanitárias".

O governo sírio, por sua vez, anunciou que vai autorizar o fornecimento de ajuda internacional às áreas controladas pelos rebeldes, com a "supervisão" do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho sírio.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA), a agência especializada das Nações Unidas, reivindicou 77 milhões de dólares para levar comida para 874.000 pessoas afetadas pelo terremoto na Síria e na Turquia.

'Abandonados'
Mais de 5 milhões de pessoas na Síria podem ficar desabrigadas como resultado do terremoto, alertou Sivanka Dhanapala, representante no país do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, em Damasco.

Nos dois lados da fronteira, milhares de casas foram destruídas e as equipes de emergência intensificam os esforços, mas as possibilidades de encontrar sobreviventes são cada vez menores após o período de três dias que os especialistas consideram crucial.

Os socorristas conseguiram retirar diversas pessoas dos escombros, como em Jindires, no nordeste da Síria, onde resgataram Moussa Hmeidi, de seis anos.

Em Gaziantep (sudeste da Turquia), um grupo de militares espanhóis conseguiu salvar uma mãe e dois de seus filhos.

A Agência Anadolu informou que em Nurdagi, na mesma província, uma grávida de seis meses foi resgatada com vida após passar 115 horas sob os escombros. E uma hora depois, eles salvaram sua filha de seis anos.

Em Antakya, no sul, um bebê de 18 meses e seu irmão foram resgatados, informou a emissora NTV. Uma menina de três anos também foi salva nessa mesma cidade, fortemente atingida pelo terremoto.

A situação, agravada por um frio glacial, levou o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está em luta armada contra o Exército turco desde 1984, a anunciar nesta sexta-feira a suspensão temporária de suas "operações" na Turquia.

A irritação é cada vez maior na Turquia com a resposta do governo, considerada insuficiente e tardia. O presidente Recep Tayyip Erdogan reconheceu "deficiências".

"As pessoas que não morreram no terremoto foram abandonadas para morrer no frio", declarou à AFP Hakan Tanriverdi na província de Adiyaman, uma das mais afetadas pelo tremor.

Mehmet Yildirim, outro morador da região, disse que não viu ninguém por várias horas após o terremoto. "Nem do Estado, da polícia ou soldados. Que vergonha. Nos abandonaram à própria sorte", disse.

O presidente turco fez uma espécie de mea culpa nesta sexta-feira. "Foram tantos edifícios danificados que infelizmente não conseguimos acelerar as nossas intervenções como gostaríamos", declarou Erdogan durante uma visita a Adiyaman.

Risco de cólera
O terremoto foi o mais intenso na Turquia desde 1939, quando 33 mil pessoas morreram na província de Erzincan (leste).

De acordo com os balanços oficiais mais recentes, o terremoto, de magnitude 7,8, e que foi acompanhado por mais de 100 réplicas, provocou pelo menos 23.871 mortos: 20.318 na Turquia e 3.553 na Síria.

A OMS calcula que 23 milhões de pessoas estão "potencialmente expostas, incluindo cinco milhões que são vulneráveis". A organização teme uma crise de saúde.

As organizações humanitárias expressaram preocupação com uma eventual propagação do cólera, doença que voltou a ser registrada na Síria.

A União Europeia (UE) enviou as primeiras equipes de resgate à Turquia horas depois do terremoto. Mas, a princípio, ofereceu apenas uma ajuda mínima à Síria, por meio de programas humanitários, devido às sanções internacionais impostas em consequência da guerra civil, iniciada em 2011.

O presidente sírio, Bashar al-Assad, e sua esposa fizeram a primeira visita às vítimas do terremoto em Aleppo, nesta sexta, informou a presidência.

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