MARROCOS

Número de mortos em terremoto sobe para mais de 1,3mil, diz governo do Marrocos

Abalo sísmico desta sexta-feira (8) ocorreu às 23h11 (horário local) a 18,5 km de profundidade e com epicentro na Cordilheira do Atlas, a 71 km a sudoeste de Marrakech

Foto: Fadel Senna/AFP

O número de mortos no terremoto que atingiu o Marrocos na noite desta sexta-feira chegou a 1.305, de acordo com o Ministério do Interior do país. O número de feridos aumentou para 1.832 e inclui 1.220 pessoas que estão em estado grave, de acordo com o comunicado divulgado na tarde deste sábado.

O forte abalo sísmico de sexta-feira, que ocorreu às 23h11 (horário local) a 18,5 km de profundidade e com epicentro na Cordilheira do Atlas, a 71 km a sudoeste de Marrakech, atingiu as medinas densamente povoadas da cidade turística e principalmente seu interior rural montanhoso e de difícil acesso, onde construções de barro tremeram, racharam e desabaram.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, "não há, até o momento, notícia de brasileiros mortos ou feridos".

O Marrocos declarou neste sábado três dias de luto nacional após o forte terremoto que abalou o país. "Decidimos um luto nacional de três dias, com bandeiras a meio mastro em todos os edifícios públicos", afirmou a casa real em comunicado, publicado pela agência marroquina MAP, após uma reunião presidida pelo rei Mohamed VI.

 

O tremor provocou o desabamento de vários edifícios, principalmente nas províncias e municípios de Al-Haouz, Tarundant, Chichaoua, Ouarzazate e Marrakech, uma popular cidade turística com 840 mil habitantes. As mulharas históricas da cidade, primeiramente construídas no início do século 12, ficaram danificadas.

O terremoto foi sentido até na capital Rabat, a centenas de quilômetros de distância, em cidades costeiras como Casablanca ou Essaouira e mesmo em várias províncias do oeste da vizinha Argélia, onde as autoridades descartaram danos ou vítimas.

Na cidade de Moulay Brahim, em Al-Haouz, as equipes de resgate trabalhavam neste sábado em busca de sobreviventes nos escombros. Perto dali, vizinhos cavavam valas em uma colina para enterrar as vítimas, segundo uma equipe da AFP presente no local.

As autoridades mobilizaram "todos os recursos necessários para intervir e ajudar nas zonas afetadas", disse o Ministério do Interior. Já o Exército marroquino mobilizou "importantes recursos humanos e logísticos, aéreos e terrestres", como equipes de busca e resgate e um hospital de campanha em Al-Haouz, informou a agência estatal de notícias MAP. Por causa do "enorme fluxo" de feridos nos hospital de Marrakech, o centro de transfusão de sangue local lançou um apelo por doações.

Antes e depois
O terremoto que deixou mais de mil mortos no Marrocos nesta sexta-feira destruiu patrimônios históricos e culturais do país. Mesquitas, torres e edifícios desabaram depois que um forte abalo sísmico de magnitude 6,8 atingiu uma região perto da cidade turística de Marrakech.

Entre os prédios históricos danificados, destaca-se a mesquita de Cutubia, situada em Marrakech. Construída no século XII. Segundo a rede de televisão Al-Jazeera, o terremoto causou estragos na Cutubia, "mas a extensão não ficou imediatamente clara", informaram as autoridades locais. Essa mesquita tem um miranete de 69 metros de altura e é conhecido como o "telhado de Marrakech"

Uma outra mesquita, situada perto da praça Jemaa el-Fnaa, em Marrakech, ficou parcialmente destruída. Imagens obtidas e checadas pela Sky News mostram que o terremoto deixou o templo religioso com a parte superior danificada e escombros junto ao passeio público.

No vilarejo de Moulay Brahim, em Al Haouz, o minarete de uma mesquita manteve-se de pé, enquanto as casas situadas nos arredores vieram abaixo. No local, equipes de resgate trabalham neste sábado em busca de sobreviventes nos escombros. De acordo com a RFI, o local foi um dos que mais sofreram com o abalo sísmico.

O brasileiro Jalvan Andrade, de 65 anos, passa férias em Marrakech e relatou ao GLOBO os momentos dramáticos que viveu durante o tremor de terra. Neste sábado, ele enviou à reportagem uma série de imagens que mostram o rastro de destruição na cidade.

Dentre elas, há o registro do prédio onde funciona uma farmácia em Marrakech. O estabelecimento ficou parcialmente destruído, com parte da sacada desmoronada, o letreiro danificado e vidros estilhaçados.

— Tinha acabado de jantar e subi para o quarto. Em negócio de 15 minutos, foi quando deu o terremoto. É uma coisa horrível. O chão ficou como se estivesse subindo, dançando. A porta do quarto soltou. Os móveis do quarto saíram do lugar. É uma coisa muito ruim de passar — disse Jalvan ao GLOBO.

O terremoto também danificou as muralhas de Agadir Oufla, uma antiga fortaleza erguida em meados do século XVI, localizada na cidade de Agadir, na costa do país africano.

A construção foi erguida para proteger a cidade litorânea de ataques de portugueses pelo sultão Mehmed Sheikh al-Saadi. Não é a primeira vez que a fortaleza é danificada por um terremoto. Em 1960, por conta de um tremor que ainda é o mais fatal da história marroquina, com 12 mil mortos, a edificação ficou em ruínas. Recentemente, Agadir Oufla havia passado por uma restauração.

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