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ESPANHA

Número de mortos por inundações na Espanha sobe para 205

Balanço ainda é provisório, segundo os serviços de emergência locais, e os processos de remoção e identificação das vítimas segue em andamento no país

Foto tirada em 1º de novembro de 2024 mostra os efeitos devastadores das enchentes em um cemitério na cidade de Alfafar, na região de Valência, leste da Espanha Foto tirada em 1º de novembro de 2024 mostra os efeitos devastadores das enchentes em um cemitério na cidade de Alfafar, na região de Valência, leste da Espanha  - Foto: Jose Jordan/AFP

Os serviços de emergência de Valência (Cecopi) elevaram nesta sexta-feira para 202 o número de mortos devido às inundações nessa região do leste da Espanha. Somados a outros 3 mortos em outras regiões, o total das vítimas das tempestades dos últimos dias subiu para 205, em um balanço ainda "provisório".

"Neste momento, e de forma provisória, o número de vítimas mortais chega a 202 pessoas", informou o Cecopi em comunicado, ressaltando que o balanço é "provisório" e que segue em andamento "o processo de remoção e identificação das vítimas".

Cerca de 500 militares espanhóis se uniram nesta sexta-feira aos 1.200 que tentam aliviar a situação da população em Valência após as mortais inundações e buscar as dezenas de desaparecidos que podem aumentar o saldo de 158 mortos.
 

"Se for necessário, estarão disponíveis os 120.000" membros das forças armadas, prometeu nesta sexta-feira a ministra da Defesa, Margarita Robles, em uma entrevista na TV pública TVE.

“Haverá todos os recursos necessários, pelo tempo que for necessário”, insistiu o Ministério da Defesa na rede social X ao anunciar o envio desses 500 novos soldados, em um momento em que as autoridades da região de Valência parecem sobrecarregadas pela magnitude do desastre.

As fortes tempestades que atingiram a área na terça-feira despejaram, em poucas horas, uma quantidade de água equivalente à que cai em um ano, causando enxurradas que destruíram pontes, varreram casas e arrastaram centenas de veículos, que acabaram empilhados em ruas e estradas, dificultando o trânsito dos serviços de emergência.

Muitos desses carros “devem estar vazios, mas sabemos que outros estão cheios”, disse Amparo Fort, prefeita do município de Chiva, à rádio pública RNE.

Essa localidade de 16.000 habitantes, a 40 minutos a oeste da cidade de Valência, está vivendo uma situação dramática, relatou emocionada a prefeita.

“Continuamos pedindo água, continuamos pedindo mantimentos”, explicou entre lágrimas. “Temos que lembrar que há crianças, que temos idosos, e os sanduíches” não conseguem mastigar, “precisamos de comida triturada para bebês e para pessoas mais velhas”.

Aos problemas normais derivados da situação, somaram-se os saques, diante dos quais o governo prometeu agir com firmeza e que já resultaram em 39 detenções.

“Eu parei na rotatória do centro comercial, e as pessoas estavam entrando para pegar calças, estavam roubando…”, explicou na quinta-feira à AFP Fernando Lozano, morador de Aldaia, um povoado no interior de Valência.

“A população está um pouco descontrolada, porque até que isso se normalize e o supermercado abra, está muito difícil por aqui…”, justificou.

Solidariedade e um grande necrotério
Na cidade de Valência, capital da região homônima e terceira maior cidade da Espanha, pouco afetada pela tragédia que atingiu seu entorno, foi montado um grande necrotério no complexo que abriga os tribunais, para agilizar a identificação dos cadáveres.

Ambulâncias iam e vinham, observou uma jornalista da AFP, enquanto agentes com jalecos de laboratório entravam no prédio acompanhando macas cobertas com lençóis brancos.

A área estava isolada pela polícia, e os jornalistas mantinham distância, permitindo-se apenas a entrada controlada de familiares dos falecidos.

Da própria cidade, nesta sexta-feira partiu um exército solidário de centenas de moradores em direção às áreas afetadas, aproveitando o feriado de Todos os Santos para ajudar.

Eles levavam pás, vassouras, rastelos, carrinhos com comida, fraldas, água. Tudo valia para dar uma mão. Alguns atendiam ao chamado de amigos, outros apenas queriam ajudar no que fosse possível diante de uma tragédia histórica.

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