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Tragédia

Número de mulheres mortas na tragédia de Petrópolis é quase o dobro do óbito de homens

Em balanço divulgado no início da manhã desta sexta-feira, das 125 vítimas fatais do temporal, 80 são do sexo feminino e 45 do masculino. Menores de idade já somam 22

Buscas dos Bombeiros em Petrópolis Buscas dos Bombeiros em Petrópolis  - Foto: Reprodução/Twitter - Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro

Até o início da tarde desta sexta-feira (18), a Polícia Civil confirmou 125 mortos em decorrência da tragédia em Petrópolis, após a forte chuva no município da Região Serrana do Rio, na última terça-feira (15).

Entre as vítimas fatais, dos corpos estão no Instituto Médico-Legal (IML) da cidade, segundo a Polícia Civil. Desses, 80 são do sexo feminino, quase ao dobro, quando comparado aos homens, que somam 45.

Vinte e dois são de menores de idade, crianças ou adolescentes. Até o momento, 72 vítimas que perderam a vida foram identifcadas.
 

Até o início da tarde desta sexta-feira, 218 pessoas seguem desaparecidas, das quais 116 são do sexo feminino e 102 do masculino, segundo registros feitos pela força-tarefa da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA). Com histórias de vida soterradas em meio a escombros e lama, reunimos algumas das histórias de mulheres que morreram em meio à tragédia.

Conhecida como Dona Fia, a idosa fazia parte da diretoria do Projeto do Morro, que atende cerca de 500 crianças. Ela morava ao lado da sede da iniciativa, no bairro Alto da Serra, na região do Morro da Oficina, palco de um deslizamento que arrastou casas e vítimas. O imóvel de quatro andares sumiu, e Maria das Graças, segundo parentes, foi soterrada pelos escombros.

Madrinha de Duda, Tânia morreu no sofá, aninhando a jovem e a neta Helena — que, tal qual Micael, estava prestes a completar 2 anos, e já tinha festinha de aniversário marcada. Mãe da menina, Giselli Carvalho contou que, até realizar o sonho de ser mãe, passou nove anos tentando engravidar." Às vezes acho que é um pesadelo, que vou acordar e ela vai estar aqui", desabafou, muito emocionada.

Uma mesma tragédia vivida com 50 anos de diferença na família de Nadir Eler de Lima, de 55 anos. Nesta semana ela perdeu a filha Cecilia Lima Fiorese, de 40 anos, que foi soterrada após o desabamento do consultório em que estava. Foi da mesma maneira que Nadir perdeu a mãe, Cecilia Eler de Lima, 50 anos antes, quando a casa da família também foi atingida por um deslizamento em Petrópolis.

Cecilia tinha vontade de deixar a cidade, onde cresceu e o qual marcou a história da família. Os planos foram deixados de lado após o nascimento do filho, há 6 anos, apesar do medo das chuvas no município. Segundo uma testemunha, ela chegou a se comunicar após o desabamento, afirmando que estava presa pela perna, mas não foi resgatada a tempo.

A estudante do ensino médio Maria Eduarda Carminate de Carvalho, de 17 anos, estava na casa da comadre para visitar a afilhada de dois anos. Na noite da última terça-feira, o imóvel no Morro da Oficina veio abaixo e todas, que estavam abraçadas, morreram soterradas. A jovem tinha o sonho de ser modelo e começava a alcançar a fama nas redes sociais. Atualmente, ela tinha quase 17 mil seguidores. Nos últimos meses ela chegou a ser chamada para fazer fotos para campanhas publicitárias de sua cidade, Juiz de Fora. Filha mais velha de dois irmãos, a jovem era apaixonada por Petrópolis.

Há vários casos de mais de um morto da mesma família, principalmente quando há o desabamento sobre as casas. Débora Lichstenger Moreira, de 22, e os filhos Gustavo Lichstenger Rodrigues, de 5, e Heloise Lichstenger Rodrigues, de 2, moravam no bairro Duarte da Silveira. Os três estavam no mesmo cômodo quando o imóvel caiu. Os vizinhos fizeram o resgate, segundo contou o estofador Diego Lichstenger Moreira, irmão de Débora e tio das crianças.

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