O fel da sua ausência
Domingo, 30 de outubro, o Brasil vai viver um momento dramático da sua história. Vai escolher entre a civilização ou a barbárie. Ninguém se iluda: a escolha é mesmo entre democracia e o projeto autoritário representado por Bolsonaro, com a sua carga de ódio, violência, racismo, desumanidade, misoginia, preconceito, homofobia, desrespeito; entre democracia e o ataque sistemático às instituições de Estado, ao meio ambiente, à cultura, ao patrimônio estratégico do País, aos trabalhadores, às políticas públicas inclusivas; entre democracia - com seus avanços civilizatórios - e o fracasso de um governo, cujo saldo na economia é inflação, desemprego e miséria. Não é uma disputa ideológica entre progressistas e conservadores. Não é uma questão partidária. A escolha é entre democracia - que nos custou tão caro - e o fascismo grotesco, corrupto, sem cerimônias. Não temos escolha.
Por isso, os democratas das mais diversas cores estão se juntando para barrar a reeleição do atual presidente: Lula, Alckmin, Simone Tebet, Marina Silva, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, João Amoêdo, Roberto Freire, Armínio Fraga e tantos outros Brasil afora, que deixando as diferenças de lado, miram no essencial.
O que está em jogo é o nosso futuro. Depois de tudo que assistimos nos últimos quatro anos, cogitar ver o atual presidente ser reconduzido é reconhecer que todos os seus graves erros devem ser indultados e estimular o bolsonarismo a consumar o seu projeto de destruição da base democrática da sociedade brasileira.
Assim, todo o esforço deve ser feito, toda a energia deve ser direcionada para proteger a democracia e eleger Lula que, neste momento, é o único meio de barrar a continuidade do circo de horrores em que se transformou o Brasil. Já não bastassem todos os antecedentes, os ataques à Justiça Eleitoral, à Suprema Corte, ao Congresso Nacional, os tanques na rua, o recente episódio de um bolsonarista graduado atirando contra agentes da Polícia Federal é o símbolo feérico das ameaças explícitas ao livre funcionamento das instituições.
Em face dos riscos iminentes que envolvem a democracia no Brasil, estou convicto de que o único caminho a seguir é a opção clara, inequívoca, contundente em sua defesa, ora consubstanciada na candidatura de Lula à Presidência da República. Devemos mirar todos os espaços em que ela possa ser fortalecida, pois estamos em uma guerra aberta contra o arbítrio. E Pernambuco não pode ir bem se o Brasil for mal. Deus há de permitir que a democracia triunfe no próximo domingo; caso contrário, sentiremos todos o gosto amargo do fel da sua ausência.
*Deputado federal pelo PSB/PE
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