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SAÚDE

O kombucha é mesmo saudável? Veja os impactos na saúde

A bebida fermentada ganhou popularidade por seus benefícios probióticos para o sistema digestivo, fortalecimento da imunidade e regulação do humor

Mulher se servindo um copo de kombucha, uma bebida probiótica Mulher se servindo um copo de kombucha, uma bebida probiótica  - Foto: Freepik

Nos últimos anos, o kombucha ganhou espaço no mercado ocidental e conquistou adeptos no mundo todo, tanto pelo seu sabor único quanto pelos benefícios à saúde associados a ele. É uma bebida fermentada feita de chá (geralmente preto ou verde), açúcar e scoby (uma colônia simbiótica de bactérias e leveduras)

Este último é responsável pela fermentação, processo pelo qual as bactérias e leveduras presentes na colônia (Acetobacter e Saccharomyces) consomem o açúcar e produzem ácidos antioxidantes, vitaminas do complexo B, vestígios de álcool e pequenas quantidades de dióxido de carbono, que lhe conferem sua característica efervescente. O resultado é uma bebida levemente ácida e borbulhante que combina o melhor do chá e os benefícios dos probióticos.

O interesse pelo kombucha não é coincidência: ele faz parte do boom do consumo de alimentos e bebidas fermentados, como kefir, iogurte, kimchi e chucrute. Esses produtos fermentados ganharam popularidade por seus benefícios probióticos para o sistema digestivo: quando consumidos, os compostos bioativos passam para o intestino, onde contribuem para uma microbiota saudável quando incluídos regularmente na dieta.

 

O que é scoby?
Visualmente, o Scoby é um disco gelatinoso com aparência translúcida e textura viscosa que flutua na superfície do chá durante o processo de fermentação. Sua principal função é fermentar o chá adoçado, transformando o açúcar em ácidos orgânicos, gases e vitaminas.

As bactérias e o fermento no Scoby trabalham juntos: o fermento decompõe os açúcares em álcool e dióxido de carbono, enquanto as bactérias convertem o álcool em ácidos como o acético, que dá ao kombucha seu sabor ácido e característico.

Além de ser fundamental na fermentação, o Scoby atua como um “biofiltro” que protege o líquido de agentes externos que possam afetar o processo, atuando como uma barreira natural contra contaminantes.

Origem e evolução do kombucha
Acredita-se que o kombucha tenha suas raízes na China há mais de 2.000 anos, onde era conhecido como “o chá da imortalidade” e era valorizado por suas propriedades de revitalizar o corpo e melhorar a longevidade. Com o tempo, ganhou popularidade no resto da Ásia, especialmente no Japão — de onde recebeu seu nome — e na Coreia. No início do século XX seu consumo se espalhou para a Rússia e Europa Oriental.

No Ocidente, o kombucha começou a ganhar destaque durante a década de 1990, mas foi na década de 2010 que atingiu seu pico comercial e se estabeleceu como um símbolo da cultura do bem-estar, uma tendência que continua a crescer até os dias atuais.

Quais são os benefícios do kombucha?
O kombucha está associado a vários benefícios à saúde. O principal e mais direto motivo são, segundo Linda Jungwirth, graduada em Ciências da Nutrição e Biotecnologia, especializada em microbiologia, seus efeitos probióticos e prebióticos na saúde intestinal.

— Alimentos fermentados como o kombucha têm um impacto positivo no intestino porque fortalecem as comunidades bacterianas benéficas dentro do microbioma intestinal enquanto suprimem as comunidades prejudiciais — explica Jungwirth.

Nesse sentido, a especialista ressalta a importância de fortalecer o desenvolvimento de bactérias “boas” no nosso microbioma, pois elas ajudam a decompor corretamente os alimentos que ingerimos.

Eles desempenham um papel fundamental na conexão entre o intestino e o cérebro, o que por sua vez afeta nosso humor, e promovem a formação de junções estreitas entre as células intestinais (que não são abundantes em pessoas que sofrem do chamado intestino permeável, também associado à inflamação crônica).

A especialista diz ainda que o kombucha contém diversos compostos bioativos que funcionam como antimicrobianos e combatem patógenos no microbioma intestinal.

— Isso inclui bacteriocinas produzidas por bactérias do ácido láctico, compostos fenólicos derivados de moléculas de polifenol no chá, ácidos acéticos produzidos por bactérias do ácido acético, minerais como magnésio, cálcio e potássio, que funcionam como cofatores para o sistema imunológico, e os próprios micróbios do Scoby, que quando consumidos podem competir com bactérias nocivas no intestino, superando-as em número — explica Jungwirth.

Outro benefício para a saúde mencionado por Jungwirth é a desintoxicação do corpo.

— Durante a fermentação, o kombucha produz ácido glucurônico, conhecido por suas propriedades desintoxicantes, que se liga às toxinas e facilita a eliminação delas do corpo pelo fígado — diz.

Por sua vez, destaca-se a presença de compostos fenólicos, que têm propriedades antioxidantes e, ao neutralizar os radicais livres, reduzem a inflamação, e de vitaminas C e do complexo B (especificamente, B1, B2, B6 e B12), que apresentam múltiplos benefícios para o organismo.

Benefícios do Kombucha
Embora os efeitos do consumo de kombucha no corpo humano ainda não tenham sido pesquisados e estudados, há vários relatos que apoiam seus benefícios. Jungwirth concorda com o seguinte:

Promoção da saúde digestiva: os probióticos presentes no kombucha ajudam a manter uma microbiota intestinal saudável, facilitando a digestão e ajudando a prevenir problemas digestivos; reduz a inflamação e melhora a absorção de nutrientes.

Fortalecimento do sistema imunológico: um intestino saudável é essencial para a imunidade, já que 70% do sistema imunológico está localizado no trato digestivo. Ao melhorar o equilíbrio bacteriano intestinal, os probióticos presentes no kombucha ajudam a fortalecer as defesas naturais do corpo, o que pode reduzir o risco de infecções.

Propriedades antioxidantes: os polifenóis do chá são decompostos em compostos fenólicos menores que têm propriedades antioxidantes, neutralizando os radicais livres e reduzindo a inflamação.

Desintoxicação do fígado: durante a fermentação do kombucha, são gerados ácidos orgânicos como o ácido glicurônico, que contribuem para a eliminação de toxinas do fígado.

Níveis de energia melhorados: o kombucha contém pequenas quantidades de cafeína (do chá) e vitaminas do complexo B, conhecidas por seus efeitos energizantes.

Regulação do humor: as bactérias do ácido láctico estão associadas a efeitos ansiolíticos e de resistência ao estresse, elas atuam no intestino, que por sua vez está conectado ao cérebro.

Como preparar kombucha?
O processo de produção do kombucha segue etapas específicas que garantem seu sabor e textura. Os ingredientes básicos são simples: chá, açúcar e um Scoby. Veja como prepará-lo:

Preparação do chá: ferva a água e faça uma infusão com chá (preto ou verde) e açúcar em um recipiente de vidro limpo. Isso dará às bactérias e leveduras os nutrientes necessários para seu crescimento.

Fermentação inicial: quando estiver em temperatura ambiente, adicione o Scoby e uma pequena quantidade de kombucha, de um lote anterior, que atua como fermento. Depois, cubra o frasco com um pano limpo para permitir que ele respire e o proteja da poeira, e guarde em local escuro e aquecido por um período que pode variar de sete a 10 dias. Durante esse período, bactérias e leveduras consomem o açúcar e produzem compostos benéficos.

Segunda fermentação: passado o período inicial, retire o Scoby e engarrafe o líquido para uma segunda fermentação de dois a três dias, durante os quais sua efervescência aumentará. Nesta etapa você pode adicionar frutas (de preferência doces ou ácidas, como morango, laranja, limão, maracujá ou romã), gengibre e ervas para dar sabor.

Refrigeração e consumo: após a segunda fermentação, o kombucha é refrigerado para interromper o processo de fermentação e preservar seu sabor.

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