Ajuda humanitária

O lento desfile da ajuda humanitária às portas de Gaza

Nesta sexta-feira (22), os jornalistas tiveram acesso a este ponto de entrada, especificamente para a entrega de ajuda humanitária

Norte de GazaNorte de Gaza - Foto: Mahmud Hams/AFP

No posto fronteiriço de Kerem Shalom, entre Israel e a Faixa de Gaza, uma fila de caminhões se estende até onde a vista alcança, aguardando pacientemente para passar pelo controle e entregar os carregamentos de ajuda no território palestino sitiado.

Nesta sexta-feira (22), os jornalistas tiveram acesso a este ponto de entrada, especificamente para a entrega de ajuda humanitária, sob o olhar atento do Exército israelense, que especifica uma visita para a imprensa.

Após horas de espera, os motoristas dos caminhões, um após o outro, entram em um amplo estacionamento onde suas mercadorias são operacionais antes de poderem atravessar a imensa barreira de separação israelense.

“Estou orgulhoso de levar ajuda aos meus irmãos palestinos”, afirma o motorista Said Abdel Hamid, enquanto retira a cobertura de seu carregamento de farinha para a inspeção.

Suas placas e identidade são registradas, e ele responde a algumas perguntas.

Mohamed Ali, outro motorista que vem do Cairo com um fornecimento de biscoitos, declara que "os serviços secretos egípcios deram instruções para falar o mínimo possível".

Colchões, cobertores e alimentos se destacam na caçamba dos caminhões com o símbolo do Crescente Vermelho egípcio, enquanto um cachorro, acompanhado por soldados armados, cheira aleatoriamente as mercadorias.

Em média, 80 caminhões chegam a Gaza diariamente por Kerem Shalom, de acordo com o Exército israelense. O posto de passagem foi aberto “temporariamente” na semana passada para aliviar o congestionamento do posto de Rafah entre o Egito e Gaza, a apenas dois quilômetros ao norte.

No entanto, as ONG e a ONU continuam a anunciar que a ajuda é insuficiente para o território de 362 km², onde vivem 2,4 milhões de pessoas, das quais 1,9 milhões foram deslocadas pelos bombardeios israelenses.

"Desnutrição aguda"
Cerca de metade da população estará em uma fase “de urgência” – que inclui desnutrição aguda muito elevada e excesso de mortalidade – até 7 de fevereiro, segundo um relatório da ONU.

“Cada dia que passa mais fome, doença e desespero à população de Gaza”, alertou o chefe de assuntos humanitários, Martin Griffiths.

Diante da situação devastadora, o Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira uma resolução que exige "a entrega imediata, segura e sem obstáculos de assistência humanitária em grande escala" em Gaza.

Israel respondeu que continuará operando todos os envios "por razões de segurança".

A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro, quando combatentes islâmicos invadiram o território israelense e mataram cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, de acordo com um balanço da AFP baseado em dados israelenses, e sequestraram outras 250 pessoas, levadas como reféns para Gaza.

Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma campanha de bombardeios, reforçada por operações terrestres, que deixou pelo menos 20.057 mortos, principalmente mulheres e crianças, e mais de 50.000 feridos, segundo as autoridades palestinas.

“Desde o início da guerra, mais de 2.500 caminhões de ajuda humanitária e mais de 50.000 toneladas de alimentos entrados em Gaza”, afirmou o coronel Moshe Tetro à AFP, chefe para Gaza do organismo do Ministério de Defesa de Israel responsável pelos assuntos civis palestinos (Cogat), presente no posto de Kerem Shalom.

Enquanto isso, os motoristas egípcios perambulam pelo estacionamento, passando o tempo ao som da música e aguardando permissão para entregar suas suprimentos.

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