"O pior já passou": brasileiro que estava sequestrado no Equador fala pela primeira vez
Thiago Allan Freitas tem empresa que faz churrasco brasileiro no Equador e mora no país há três anos
O brasileiro que havia sido sequestrado no Equador foi libertado nesta quarta-feira pelos criminosos. Em um vídeo nas redes sociais, Thiago Allan Freitas agradeceu o apoio de todos que enviaram recursos para ajudar a pagar o resgate e os "bons desejos" para que a história tivesse um final feliz.
"Vim agradecer a todos pelas orações, ajudas, seja com valores, com bons desejos. Agradeço a Deus pela possibilidade de ter uma segunda chance. Também preciso agradecer a polícia nacional, eles são incríveis, foram muito rápidos. Quero tranquilizar a todos que estou bem, o pior já passou. Ainda tem muitas coisas que não posso falar, mas só preciso agradecer aos amigos que me ajudaram", disse ele".
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Thiago estava negociando a compra de um carro e marcou um encontro com o vendedor para ver o veículo antes de perder contato com a família. Os criminosos entraram em contato com parentes no Equador para anunciar o sequestro e pediram um resgate de US$ 3 mil.
"O meu irmão está bem, está com os policiais. Os policiais fizeram uma ligação de vídeo. A gente com aquela tremedeira, com medo de ser outra pessoa fingindo ser os policiais. Atendemos e estamos com a notícia maravilhosa de que meu irmão está bem, está a salvo, está sendo encaminhado para ficar com a família dele agora. Conseguimos salvar uma vida", afirmou o irmão de Thiago em um vídeo após a libertação.
De acordo com outro irmão de Thiago, as investigações apontavam, até a tarde desta quarta-feira, que o sequestro de Thiago nada teve a ver com a conflagração interna que vive o Equador. O país está sob estado de exceção desde segunda-feira após a fuga da prisão do líder da maior facção criminosa local.
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— O Eric me ligou ontem e disse que devido à divulgação [do sequestro], que ficou grande, parece que a polícia de lá está dando maior atenção ao caso. Tudo indica que não tem a ver [com a guerra do Estado com o narcotráfico]. Só que a gente ainda não sabe se a pessoa que ia vender o carro tinha essa intenção ou se [o sequestro] foi no meio do caminho. Acho que meu irmão estava no lugar errado, na hora errada — afirma.
Eric é o irmão mais novo de Thiago e Daniel. Ele tentou resolver a situação sem avisar a família no Brasil, para não preocupá-la. Como não conseguiu, acabou alertando os parentes, que começaram a divulgar o caso.
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Em um vídeo postado nas redes sociais, Gustavo, filho mais velho de Thiago, relatou previamente que a família teria conseguido apenas parte do valor do resgate.
— Meu nome é Gustavo, eu sou filho de Thiago. Meu pai foi sequestrado nesta manhã. Já enviamos todo o dinheiro que tínhamos. Não temos mais. Por isso recorro a vocês, que me ajudem com o que têm, com qualquer valor, é muito bem-vindo. Se é US$ 1, US$ 2. Precisamos de verdade. Estamos desesperados. Não temos como fazer. Já pagamos US$ 1,1 mil, mas estão pedindo US$ 3 mil. Peço que nos ajudem. Muito obrigado — disse o jovem em um vídeo postado no Instagram.
Natural de São Paulo, Thiago vive com três filhos em Guayaquil, cidade que abriga o presídio de segurança máxima de onde o líder da principal facção criminosa do país, Fito, fugiu no domingo. A fuga foi o estopim para a escalada da crise de segurança pública. Os filhos dele estão com uma amiga da família.
Nas redes sociais, o perfil de Thiago é privado. No entanto, ele compartilha com os seguidores um pouco da vida e do trabalho como churrasqueiro profissional.
Thiago oferece o preparo de churrasco à moda brasileira e guarnições a domicílio. "Faça sua festa ou reunião na sua empresa com o melhor da parrilla brasileira. Temos diversos cortes e guarnições", afirma a descrição da conta do negócio, denominado "La Brasa".
Desde outubro passado, o brasileiro também é dono de um estabelecimento "La Brasa" no Bamboo Plaza. "Venha desfrutar de um pedacinho do Brasil em Guayaquil", diz ele, numa postagem.
Em 48h, o presidente do país, Daniel Noboa, decretou estado de exceção e estado de Conflito Interno Armado, medidas que, entre outras coisas, impuseram toque de recolher por 60 dias e autorizaram as Forças Armadas a "neutralizar" membros de 22 grupos criminosos, que passaram a ser considerados "organizações terroristas".