O que a série Succession ensina sobre sucessão em empresas familiares?
A série Succession, da HBO, foi um fenômeno de crítica e de audiência. Ela lidera a disputa pelo Emmy 2023, principal premiação da televisão americana. Além de entretenimento, a produção chama a atenção para algo crucial em empresas familiares: a importância de planejar a sucessão de liderança.
No Brasil, as empresas de perfil familiar são responsáveis por mais da metade do PIB e empregam 75% da mão de obra, como apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, a 10ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares da PwC constatou que somente 24% dessas companhias se preparam para a sucessão, uma etapa fundamental para garantir a longevidade empresarial.
O que isso tem a ver com este sucesso de crítica e audiência? Na trama, um grande empresário enfrenta problemas graves de saúde e vê os quatros filhos iniciando uma guerra pela sucessão. Apesar de fictício, o que acontece nas telas pode se tornar real quando uma empresa familiar não se prepara para a transição de liderança. Essa transferência é um evento importante e os donos precisam estar confiantes de que os futuros líderes entendem os desafios e possuem as habilidades para proteger e expandir o negócio
Hoje, 67% das novas gerações reconhecem a existência desse plano de transição na família, mas a geração atual ainda se mantém firme no controle: mais de um terço das novas gerações resiste à mudança na empresa. Um contrato geracional honesto, que comunique as expectativas de ambos os lados, inspira confiança. É necessário compreender o papel de cada um nesse processo: sucedido e sucessor, baseado sempre no respeito mútuo e na boa comunicação entre as gerações.
A liderança requer, hoje, um conjunto diferente de competências. A nova geração precisa se questionar se deseja se criar à imagem da geração anterior ou se apresentar com novas propostas, que sigam os valores familiares previamente estabelecidos. Este último parece ser o caminho natural, conforme aponta a Pesquisa Global de Empresas Familiares da PwC - repensando prioridades, comportamentos e redefinindo o conceito de legado.
Por fim, é importante tratar a questão emocional da dinâmica familiar, evitando disputas internas e levando a resultados perenes e robustos. Caso contrário, a gestão do negócio pode enfrentar problemas como: ausência de comunicação, de alinhamento e de planejamento estratégico. Um ponto que pode ajudar a prevenir o surgimento desses problemas é a promoção de um sentido de pertencimento entre as gerações, através de definições de papéis, envolvimento em pautas estratégicas e encontros de família.
Quanto mais cedo um planejamento sucessório, independentemente do tamanho do negócio e de suas complexidades, mais propensa a empresa familiar estará para enfrentar as adversidades e situações inesperadas, mantendo seu legado de forma próspera.
*Sócia da PwC Brasil
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