O que é a Força Radwan, unidade de elite do Hezbollah ligada a alto comandante morto em Beirute?
Morte de Ibrahim Aqeel em bombardeio israelense foi mais um golpe de Israel contra a força considerada a principal ameaça na sua fronteira
Há muito tempo, Israel vê o Hezbollah — com milhares de combatentes treinados e um grande arsenal de foguetes e outras armas — como o mais temível inimigo em suas fronteiras. Para autoridades israelenses, a unidade de elite Força Radwan, em particular, representa uma grande ameaça.
Israel alegou ter matado o comandante de fato da força, Ibrahim Aqeel, em um ataque a um prédio no bairro de al-Dahiya, no sul de Beirute, nesta sexta-feira.
Desde 8 de outubro, um dia depois do ataque terrorista que deu início à guerra em Gaza, o Hezbollah começou a disparar mísseis e drones contra Israel em solidariedade ao Hamas. Em resposta, Israel tem atacado o Líbano, provocando meses de conflito que deslocaram mais de 150 mil pessoas nos dois países.
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O ataque desta sexta-feira, no entanto, aumentou os temores de que o conflito na fronteira possa escalar para um conflito regional maior, em paralelo à guerra no enclave palestino, após uma semana de tensões que começou com dois dias seguidos de explosões de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah.
Por que a Força Radwan é vista como uma ameaça?
A unidade de elite assumiu a liderança do longo conflito entre Hezbollah e Israel e dos ataques transfronteiriços que aumentaram desde o início da guerra em Gaza. Analistas militares israelenses afirmam que a Força Radwan adotou a missão de conquistar a região da Galileia, no norte de Israel.
O Hezbollah e o Hamas têm um patrono comum no Irã. Se o Irã e seus representantes fizerem um esforço sério para ampliar a guerra, a fronteira entre Israel e o Líbano seria o local mais provável para isso.
— A Força Radwan se dedica a duplicar o que aconteceu em 7 de outubro no sul de Israel e no norte — disse Tamir Hayman, general aposentado que liderou a inteligência militar israelense até 2021, em uma entrevista em janeiro, depois que um ataque no sul do Líbano matou um comandante que as autoridades libanesas ligaram à unidade de elite. — Por esse exato motivo, é inaceitável para Israel permitir que seus combatentes permaneçam na área de fronteira.
Em 2023, a Força Radwan participou de um raro exemplo de exercícios militares públicos do Hezbollah, exibindo um amplo arsenal militar e simulando uma infiltração em território israelense. Os vídeos de propaganda produzidos pelo Hezbollah mostraram as táticas de pequenas unidades do grupo e os exercícios de fogo real, intercalados com ameaças a Israel.
Por que a Força Radwan está sendo mais falada agora?
A intensificação de ataques e retaliações entre o Hezbollah e Israel nos últimos 11 meses forçou o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas em cada lado da fronteira. No norte de Israel, autoridades e moradores pressionaram o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a protegê-los do Hezbollah e tornar seguro o retorno para casa.
O que Israel tratava como uma ameaça controlável, agora descreve como algo mais sério. Os líderes israelenses citaram várias vezes o nome da unidade Radwan e, já em dezembro passado, Tzachi Hanegbi, conselheiro de segurança nacional de Israel, disse à mídia israelense que o país não pode mais aceitar Radwan “sentado na fronteira”.
Como surgiu a Força Radwan?
As origens e a composição da unidade são obscuras.
O grupo recebeu a alcunha a partir do nome de guerra de seu antigo líder, Imad Mughniyeh, que foi assassinado na Síria em 2008. Sob seu comando, a unidade desempenhou um papel fundamental no sequestro de soldados israelenses em 2006, o que levou à eclosão da Segunda Guerra do Líbano.
A unidade, juntamente com outros combatentes do Hezbollah e de outros grupos apoiados pelo Irã, participou posteriormente da batalha contra o Estado Islâmico na Síria. No entanto, os combates nos últimos meses marcaram o período mais ativo da Força Radwan contra Israel desde 2006.