O que é um Kibutz? Entenda o funcionamento da estrutura rural de Israel
Os kibutzim, que em hebraico significa "conjunto" ou "assembleia", surgiram no século XX e ajudaram na criação e construção do Estado de Israel; atualmente, respondem por 40% da produção agrícola e 11% da sua manufatura
Desde o início do conflito que opõe o grupo terrorista Hamas, responsável pela ofensiva-relâmpago contra o território israelense no sábado, e o Estado de Israel, muitos kibutzim (plural de kibutz) têm estado no centro de ataques — como reféns feitos no kibutz Be’eri, sul do país —, mas também da resistência — no kibutz Nir Am, uma jovem israelense de 25 anos é aclamada como heroína, após liderar uma reação contra terroristas e evitar o massacre da comunidade.
Os kibutzim, que em hebraico significa “conjunto” ou “assembleia”, são comunidades onde as pessoas vivem e trabalham em conjunto para produzir economicamente. Surgiram no século XX, baseados em princípios igualitários e comunais, com bens e meios de produção sendo de propriedade coletiva. Sua forma de vida é rural, e sua economia, no início, era essencialmente agrícola.
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— Tudo era compartilhado — explicou Yuval Achouch, sociólogo da Western Galilee Academic College e especialista em kibutz, à AFP. — Não havia propriedade privada. Era a sociedade socialista que mais teve êxito na história da Humanidade.
Foram os kibutzim os responsáveis pelas funções centrais no assentamento, imigração e defesa de judeus, pouco antes da formação do Estado de Israel, em 1948, e nos seus primeiros anos de existência, segundo o consulado israelense em São Paulo. Por muito tempo, representaram o dinamismo do jovem país do Oriente Médio, com seus membros ajudando na criação do país e na sua construção.
Mas, com o fortalecimento do novo Estado, sua força institucional, de desenvolvimento e, nos anos de 1970, política foram arrefecendo. Em um contexto de colapso do comunismo na União Soviética e com a crise econômica israelense nos anos 1980, muitos habitantes dos kibutz se endividaram e o seu modelo cooperativista ficou debilitado, explicou Achouch.
Os jovens abandonaram as comunidades rurais em busca da vida urbana, e nos anos de 1990 os ideais socialistas perderam força frente aos novos valores individuais e familiares no início do século XXI. Desde então, a maioria dos kibutzim foram privatizados. A economia foi se diversificando, abrangendo indústrias e serviços. Era necessário integrar-se "ao sistema econômico para sobreviver”, explicou Achouch.
Hoje, os kibutzim respondem por 40% da produção agrícola de Israel e 11% da sua manufatura. Porém, cada vez mais essas comunidades investem em propriedades, serviços e novas tecnologias — essa última, encabeçadas pela contribuição das empresas de alta tecnologia, motor da economia israelense.
Recentemente, novos projetos, a qualidade de vida e a proximidade com a natureza atraíram esses jovens de volta. Atualmente, os kibutzim representam menos de 2% da população, de acordo com o sociólogo — uma queda aguda frente aos 7,5% que representavam da população judaica do país. Ainda assim, sua imagem permanece vinculada a de Israel no exterior. (Com AFP)