SAÚDE

"O que precisa acontecer?", questiona mãe de bebê que aguarda vaga em UTI no Barão de Lucena

Bebê foi entubada numa UPA e atualmente respira com ajuda de Ventilação Mecânica Artificial (VMA)

Emergência pediátrica do Barão de LucenaEmergência pediátrica do Barão de Lucena - Foto: Divulgação/SES-PE

“O que precisa acontecer para tomarem uma atitude? Quantas crianças terão que morrer?”. Essas são as duas perguntas feitas por Carolina Cibely Soares Gomes, de 36 anos, enquanto aguarda uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Barão de Lucena (HBL), para a sua filha. A unidade de saúde fica localizada no bairro da Iputinga, no Recife.

A criança, que se chama Haires Luzia Gomes Silva, nasceu de um parto prematuro e completou 56 dias de vida nesta sexta-feira (9).

Na última terça-feira (6) ela deu entrada numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Olinda, por ter contraído uma gripe com sua irmã mais velha. O quadro, no entanto, se agravou e ela segue aguardando o tratamento adequado no Hospital Barão de Lucena, para onde foi encaminhada nesta quinta-feira (8).

“Do sábado para o domingo, ela estava espirrando muito e fiz a mesma coisa que fiz com a outra, lavagem nasal e massagem no peito para tirar o catarro, mas a vulnerabilidade dela é maior. Fiz o que pude aqui em casa e não deu certo. Percebi que ela estava tendo uma crise de tosse e muito cansaço. Me desesperei e liguei pro (Hospital) Tricentenário, mas não tinha médico de plantão na segunda-feira, aí acabei na UPA na terça. Lá, não tem estrutura eficaz para atender bronquiolite, foi muito difícil para a equipe, porque não tem estrutura”, disse de início.

A situação da bebê ficou ainda mais difícil, ao ponto de a equipe médica realizar uma entubação na própria UPA. Quem coordenou o procedimento foi um médico do Hospital Brites de Albuquerque, que atualmente funciona sob risco de encerrar as atividades.

“Perceberam que o pulmão estava sem aguentar e ela estava em desfalência, aí começou a nossa luta por uma vaga para ela ser internada num hospital, mas não conseguimos. Os médicos viram que algo precisava ser feito para que ela não morresse, então sedaram ela lá e entubaram. Um médico do (Hospital) Brites de Albuquerque se deslocou para lá para ajudar a equipe da UPA. Fizeram o que podiam, e nada da vaga”, detalhou a mãe.

Mãe e filha aguardando leite na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Barão de Lucena, no Recife (Foto: Arquivo pessoal)

Haires Luzia foi deslocada até o Hospital Barão de Lucena nesta quinta-feira (8), mas para o setor da emergência. Ela, inclusive, deve receber transfusão de sangue ainda nesta noite de sexta-feira (9).

Segundo a mãe, em meio ao cenário debilitado, a menina precisou passar por um procedimento cirúrgico para receber medicação, além de contar com a ajuda de um aparelho para regular a temperatura corporal. “Ela já fez uma cirurgia perto da garganta para poder encontrar uma veia, para receber medicamento. Ela está usando umas seis máquinas e são quase cinco soros. Tiveram também que colocar uma mangueirinha para esquentar o corpo dela”, detalhou.

Sem vaga disponível na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Haires Luzia segue internada no setor da emergência do Hospital Barão de Lucena (Foto: Arquivo pessoal)

Carolina Cibely ainda revelou que o caso que vem enfrentando com a filha é o mesmo de outras mulheres com quem divide o espaço e a angústia.

São muitas mães, muitas crianças. A situação é muito difícil. Vi com meus próprios olhos a irresponsabilidade do governo.Não tem vaga na UTI e a pediatra disse que minha bebê é grave e precisa urgente da UTI. O revoltante para nós é o fechar de olhos do governo. O que precisa acontecer para eles tomarem uma atitude? Quantas crianças terão que morrer?”, questionou.

A urgência no quadro de saúde que a mãe cita já foi protocolada num laudo médico que a reportagem da Folha de Pernambuco teve acesso. O documento está assinado pela pediatra Carla Patrícia Garcia Moreira, que diz que Haires Luzia está “com estado de saúde crítico” e “em Ventilação Mecânica Artificial (VMA), sedada e aguardado leito na UTI”.

Assinatura da pediatra Carla Patrícia Garcia Moreira, que comprova o estado crítico de saúde da bebê (Foto: Cortesia)

A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com o Governo de Pernambuco e também com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas ainda não foi respondida.

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