ORIENTE MÉDIO

O que se sabe até agora sobre as novas explosões de dispositivos eletrônicos no Líbano

Após destruição de pagers deixar 12 mortos e 2,8 mil feridos na terça, a maioria membros do Hezbollah, ataque desta quarta mirou walkie-talkies

Médicos coletam doações de sangue no subúrbio ao sul de Beirute em 17 de setembro de 2024, após explosões atingirem locais em vários redutos do Hezbollah ao redor do Líbano em meio a tensões transfronteiriças entre Israel e combatentes do Hezbollah.Médicos coletam doações de sangue no subúrbio ao sul de Beirute em 17 de setembro de 2024, após explosões atingirem locais em vários redutos do Hezbollah ao redor do Líbano em meio a tensões transfronteiriças entre Israel e combatentes do Hezbollah. - Foto: AFP

Depois da explosão de pagers deixar 12 mortos e 2,8 mil feridos ao redor do Líbano na terça-feira, a maioria deles integrantes do movimento xiita Hezbollah, um novo ataque foi reportado nesta quarta, desta vez mirando outro dispositivo de comunicação considerado obsoleto e sem conexão com a internet: walkie-talkies.

Segundo o Ministério da Saúde libanês, ao menos nove pessoas morreram e 300 ficaram feridas no ataque desta quarta-feira. Cerca de 15 a 20 explosões foram ouvidas por volta das 17h do horário local em áreas no sul da capital, Beirute, e no sul do Líbano, dois lugares com forte presença do Hezbollah.

Embora não sejam amplamente usados por combatentes do grupo como os pagers, os walkie-talkies são distribuídos entre pessoas que organizam multidões, como passeatas e funerais.

Uma das explosões, inclusive, foi ouvida durante um funeral de membros do Hezbollah mortos no primeiro ataque, no subúrbio de Beirute. Aos gritos, os presentes alertaram para que as pessoas desligassem e removessem as baterias dos seus celulares, enquanto alto-falantes repetiam a ordem. Uma testemunha que estava na cerimônia disse à CNN americana ter visto o homem que segurava o dispositivo sangrando com as mãos arrancadas.

De acordo com a Defesa Civil libanesa, o ataque desta quarta-feira provocou incêndios em casas, carros e lojas espalhadas por várias partes do Líbano, incluindo uma área rural na fronteira leste com a Síria. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram prédios pegando fogo após a ação.

O caos soma-se à superlotação de hospitais que estão atendendo os feridos da primeira onda de explosões. A Cruz Vermelha libanesa afirmou que 30 ambulâncias estavam respondendo a "múltiplas explosões" em diferentes regiões do país, do sul ao leste. Segundo a imprensa local, as entradas das redes de saúde do subúrbio de Beirute estão tomadas por ambulâncias com vítimas.

Depois da nova explosão, o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que o “centro de gravidade” da guerra de Israel contra seus inimigos está “se movendo para o norte”, referindo-se à fronteira com o Líbano, afirmando que os países se encontram agora “no início de um novo período desta guerra”. A declaração, no entanto, não citou as explosões no Líbano ou reivindicou a responsabilidade israelense pelos ataques.

Diante do temor de uma escalada da tensão no Oriente Médio após o segundo dia de explosões no Líbano, que o Hezbollah prometeu retaliar, o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou uma reunião de emergência para sexta-feira para discutir a situação, informou a Eslovênia, que detém a presidência rotativa do Conselho neste mês. A reunião foi solicitada pela Argélia, o único país árabe no Conselho.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, expressou estar “profundamente alarmado” com as novas explosões no Líbano, e pediu contenção para que se evite um conflito mais amplo.

“O secretário-geral pede a todos os atores envolvidos que exerçam a máxima contenção para evitar qualquer nova escalada”, disse seu porta-voz, Stephane Dujarric, em um comunicado.

Dujarric também instou as partes que “se comprometam novamente com a implementação total da Resolução 1701 do Conselho de Segurança”, referindo-se àquela que pôs fim à guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel.

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