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O que se sabe sobre o suspeito de matar 15 pessoas na noite de Ano Novo em Nova Orleans

Shamsud Din Jabbar, cidadão americano, tinha duas filhas, era veterano do Exército e teve uma ordem de restrição emitida por uma ex-esposa

O que se sabe sobre o suspeito de matar 15 pessoas na noite de Ano Novo em Nova OrleansO que se sabe sobre o suspeito de matar 15 pessoas na noite de Ano Novo em Nova Orleans - Foto: Emily Kask/AFP

Em meio às investigações sobre o ataque que deixou 15 mortos na noite de Ano Novo em Nova Orleans, no estado americano da Louisiana, começam a surgir detalhes sobre o homem suspeito de jogar um carro contra uma multidão em uma das áreas mais movimentadas da cidade. Ele foi morto em uma troca de tiros com a polícia. O caso está sendo investigado como um ato de terrorismo.

De acordo com o FBI, a polícia federal americana, o suspeito foi identificado como Shamsud-Din Jabbar, um cidadão americano do Texas, de 42 anos. Na tarde de quarta-feira, agentes federais estiveram na casa da ex-mulher do suspeito, em Houston, e o novo marido dela revelou ao New York Times que o homem se converteu ao islamismo, e que “começou a ficar maluco” no ano passado.

 

Segundo o irmão do suspeito, Abdur Jabbar, eles cresceram em uma família cristã. Há cerca de um ano, Shamsud-Din se mudou para um bairro com grande concentração de muçulmanos em Houston, e era um vizinho quieto, de acordo com outros moradores.

 

WhatsApp Image 2025 01 02 at 06.21.30Foto do passaporte de Shamsud-Din Jabbar, apontado como o suspeito de matar 15 pessoas em Nova Orleans — Foto: AFP PHOTO /FBI

— Nunca foi um extremista muçulmano, e ele nunca ameaçou com violência, mas dava para ver que ele tinha se tornado realmente apaixonado por sua fé — afirmou ao New York Times Chris Pousson, que frequentou a escola com Jabbar e com quem havia se reconectado há alguns anos.

Ainda de segundo o jornal, seus antecedentes criminais incluem uma acusação por roubo, em 2002, e por dirigir sem uma habilitação válida, em 2005.

Dentro do carro usado no ataque, os agentes encontraram explosivos e uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico, uma organização que se notabilizou por incentivar que indivíduos radicalizados usassem veículos em atentados. Foi o caso do ataque com um caminhão em Nice, na França, em 2016, que deixou 84 mortos. Um ano depois, um homem matou oito pessoas em Nova York, também usando um pequeno veículo de transporte.

Nos dois incidentes, não houve indícios de que tenha havido uma ordem do comando do grupo terrorista, tampouco de que tenha havido um planejamento mais detalhado, como nos ataques em Paris, em novembro de 2015 — ou seja, foram ações de chamados “lobos solitários”, uma hipótese com a qual os investigadores em Nova Orleans trabalham mais de perto, embora não descartem um possível apoio de outros indivíduos. Segundo o presidente dos EUA, Joe Biden, Jabbar publicou uma série de vídeos indicando se inspirar na organização terrorista, "especialmente sobre o desejo de matar". Alguns desses vídeos foram publicados horas antes do ataque de quarta-feira.

A certeza neste momento é a de que a intenção era casuar o maior número de vítimas possível.

— Ele estava determinado a criar a carnificina e os danos que causou — disse a superintendente da polícia de Nova Orleans, Anne Kirkpatrick, em uma entrevista coletiva na quarta-feira.

Jabbar era agente imobiliário no Texas, apesar de estar com a licença vencida desde 2023, e passou 8 anos no Exército dos EUA, entre 2007 e 2015, onde trabalhou como especialista em recursos humanos e tecnologias da informação. Em 2009, foi para o Afeganistão, onde atuou em funções administrativas por um ano. O suspeito ainda serviu por um mês na Marinha, em 2004, mas não chegou a passar por um treinamento formal.

Em um vídeo publicado no YouTube em 2020, ele afirma que, nas Forças Armadas, "aprendeu o significado de um ótimo serviço e o que significa ser receptivo e levar tudo a sério, colocando os pontos nos is". Em publicações nas redes sociais e relatos de conhecidos, Jabbar não escondia sua dificuldade de adaptação à vida fora do Exército, e com frequência reclamava de benefícios aos veteranos e até da linguagem usada pelos "civis".

— Você pode ter muitas habilidades e treinamento do Exército — disse em uma entrevista ao jornal estudantil da Universidade do Estado da Geórgia, que frequentou entre 2015 e 2017. — Mas você pode não ser capaz de falar a língua para realmente traduzi-la e ser compreendido quando se candidatar a um emprego civil.

O suspeito tinha duas filhas, de 15 e 20 anos, que já sabem do que ocorreu com o pai, mas que não mantinham contato constante — segundo o atual marido da mãe delas, falando ao New York Times, o comportamento errático de Jabbar era visto como perigoso para as jovens. Ele foi casado duas vezes, sendo que o último casamento terminou em 2022, de forma pouco amigável

Segundo o New York Times, ele relatou, em um e-mail, ao advogado da última mulher seus problemas financeiros, que incluíam dívidas elevadas com cartões de crédito. Em 2020, de acordo com a rede NBC, ela obteve uma ordem temporária de restrição contra Jabbar, alegando que ambas as partes não podem “intencionalmente, conscientemente ou imprudentemente causar danos corporais à outra parte ou a um filho de qualquer uma das partes” ou “ameaçar a outra parte ou um filho de qualquer uma das partes com danos corporais iminentes”.

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