OCDE pede coordenação da ajuda à agricultura com a transição ecológica
Um total de 22% das emissões globais de gases de efeito estufa estão vinculadas ao setor agrícola
As medidas urgentes para apoiar os sistemas agrícolas afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia devem caminhar ao lado da luta contra a mudança climática, afirmou nesta quinta-feira (23) a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).
"As políticas agrícolas a curto prazo em resposta às crises mundiais devem abordar simultaneamente os desafios atuais e as reformas que buscam lutar contra a mudança climática e as distorções nos mercados internacionais", afirma um relatório.
Um total de 22% das emissões globais de gases de efeito estufa estão vinculadas ao setor agrícola, que deve reduzir seu impacto e adaptar-se às mudanças climáticas, afirma o relatório, que lamenta que a flexibilização das normas ambientais para aumentar a produção aconteça com frequência "em detrimento da sustentabilidade".
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A organização com sede em Paris, integrada por 38 países, faz um alerta contra a concessão de subsídios públicos que distorcem o mercado e contribuem para aumentar as emissões sem beneficiar os agricultores.
No relatório sobre as políticas agrícolas de 2019 a 2021, a organização examina como 54 países, incluindo também 11 economias "emergentes" não membros do clube, como China, Índia e Brasil, investem seu dinheiro neste setor.
No período foram destinados 817 bilhões de dólares por ano ao setor agrícola, uma ajuda recorde que representa alta de 13% na comparação com o período 2018-2020. O aumento se deve em parte a políticas temporárias para apoiar os "consumidores e os produtores durante a pandemia de Covid-19".
O setor agrícola foi beneficiado por 500 bilhões de dólares de ajudas públicas. O restante foi injetado por meio de políticas de apoio de preços (tarifas, subsídios à exportação).
A China foi responsável por quase um terço do investimento total.
Quatro meses após o início da ofensiva russa na Ucrânia, a organização considera que, embora a "disponibilidade geral (de alimentos ou fertilizantes) continue suficiente neste momento, o aumento dos preços dos produtos cria novos desafios", especialmente nos países mais pobres.