Ofensiva final na França antes de eleição-chave que tem a extrema direita na liderança
Para o segundo turno de domingo, o bloco de extrema direita é o único com chances de alcançar a maioria absoluta de 289 deputados e nomear Jordan Bardella como primeiro-ministro
A extrema direita e seus rivais lançaram nesta sexta-feira(5) sua ofensiva final para atrair eleitores a participarem das legislativas antecipadas, que poderão levar a extrema direita de Marine Le Pen ao poder.
O presidente de centro-direita, Emmanuel Macron, chocou a França com a inesperada antecipação eleitoral que justificou como forma de bloquear o Reagrupamento Nacional (RN) de Le Pen, que venceu as eleições europeias de 9 de junho.
Mas o RN e seus aliados venceram o primeiro turno das legislativas com um terço dos votos, à frente da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP, 28%) e da aliança de centro-direita de Macron, Juntos (20%).
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Para o segundo turno de domingo, o bloco de extrema direita é o único com chances de alcançar a maioria absoluta de 289 deputados e nomear Jordan Bardella como primeiro-ministro, mas suas possibilidades foram reduzidas após um acordo entre seus adversários.
A "urgência" é "impedir a todo custo" a chegada da extrema direita ao poder, reiterou esta sexta-feira a líder ambientalista Marine Tondelier à Franceinfo, que apelou aos eleitores para que votem em opositores ao RN.
"Mais do que nunca, temos que votar. É realmente urgente. Não podemos deixar o país nas mãos dessas pessoas", alertou na quinta-feira o capitão da seleção francesa de futebol, Kylian Mbappé, acusado por Le Pen de dar "lições de moral".
A NFP, que inclui socialistas, ambientalistas, comunistas e o França Insubmissa (esquerda radical), e a aliança de Macron formaram uma "frente republicana" para impedir o primeiro governo de extrema direita desde a libertação da França da Alemanha nazista.
Este acordo implica a retirada do candidato "republicano" com menos probabilidades de vencer nas circunscrições onde ambas alianças se qualificarem para o segundo turno, contra um candidato de extrema direita em posição de força.
"Se não obtivermos a maioria absoluta no domingo, o país ficará bloqueado", escreveu Le Pen nesta sexta-feira na rede social X, quando as últimas projeções da Ipsos e do Ifop lhe indicavam entre 170 e 210 assentos dos 577 da Assembleia Nacional (câmara baixa).
Uma vitória da extrema direita na segunda maior economia da União Europeia e potência nuclear poderia debilitar a influência francesa em Bruxelas, onde Paris tem sido um dos principais motores da integração europeia, e golpear duramente a política de apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia.
Resultado incerto
Embora os franceses caminhem no sentido de redirecionar os três blocos formados nas eleições de 2022 – esquerda, centro-direita e extrema direita – a formação de um novo governo parece complicada.
O primeiro-ministro de centro-direita, Gabriel Attal, já anunciou nesta sexta-feira que seu governo está disposto a continuar "o tempo que for necessário" para garantir a continuidade do Estado. A França sediará os Jogos Olímpicos de Paris a partir de 26 de julho.
Sem maiorias certas em nenhum dos blocos, várias hipóteses começam a surgir: de uma "grande coligação" entre a esquerda (sem o França Insubmissa), o partido no poder e os deputados de direita que não se aliaram ao RN, até um governo técnico.
Os primeiros resultados serão conhecidos no encerramento dos colégios eleitorais, no domingo, a partir das 20h locais (15h em Brasília), após uma campanha tensa no segundo turno.
"Esta campanha é curta e no entanto já temos 51 candidatos, suplentes e ativistas agredidos fisicamente", disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin, à rede BFMTV, acrescentando que mais de 30 pessoas foram detidas.
A porta-voz do governo, Prisca Thevenot, denunciou um ataque na noite de quarta-feira, assim como candidatos de esquerda e um de extrema direita.
Temendo "distúrbios" após a divulgação do resultados, as autoridades planejam mobilizar 30 mil agentes no domingo à noite, sendo 5 mil em Paris.