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Oftalmologista pernambucana Camila Ventura é destaque internacional e será homenageada em congresso

Além da participação na Academia Americana de Oftalmologia, Camila Ventura será homenageada no Congresso Panamericano de Retina e Vítreo, que acontece no dia 24 de outubro, em Fort Lauderdale, na Flórida

A oftalmologista pernambucana Camila Ventura, Coordenadora do Departamento de Investigação Científica da Fundação Altino Ventura.A oftalmologista pernambucana Camila Ventura, Coordenadora do Departamento de Investigação Científica da Fundação Altino Ventura. - Foto: Claudia Araújo

A médica oftalmologista pernambucana Camila Ventura, coordenadora do Departamento de Investigação Científica da Fundação Altino Ventura (FAV), no Recife, representará o Brasil em dois dos eventos mais importantes do cenário mundial da oftalmologia, neste mês de outubro. 

O primeiro deles, a Academia Americana de Oftalmologia (AAO), acontece em Chicago, nos Estados Unidos, e vai do dia 18 ao 22 de outubro.

De acordo com Camila Ventura, sua participação no congresso é mais uma oportunidade para se atualizar sobre as inovações da área e discutir os mais recentes avanços em tratamentos e diagnósticos de doenças da retina, especialmente em sua área de especialização, a retina pediátrica.

“Hoje, temos dificuldades em fazer ensaios clínicos na oftalmologia no Brasil, mas nos Estados Unidos e na Europa, isso acontece constantemente. Quando vamos para um congresso internacional, somos atualizados sobre essas novidades e temos a oportunidade de realizar trocas muito construtivas com os colegas. Por isso, minha intenção ao participar é me atualizar para trazer essas novidades aos meus pacientes”, destacou a médica.

Além da participação na Academia Americana de Oftalmologia, Camila Ventura será homenageada no Congresso Panamericano de Retina e Vítreo, que acontece no dia 24 de outubro, em Fort Lauderdale, na Flórida.

A oftalmologista será condecorada com o 1º Prêmio Fernando Arévalo, que reconhece jovens oftalmologistas de destaque por suas contribuições científicas. 

A oftalmologista pernambucana Camila Ventura, Coordenadora do Departamento de Investigação Científica da Fundação Altino Ventura.A oftalmologista pernambucana Camila Ventura, coordenadora do Departamento de Investigação Científica da Fundação Altino Ventura | Foto: Arquivo Pessoal

A médica compartilha a honra que é receber esse prêmio, inspirado no oftalmologista de renome mundial Fernando Arévalo, com quem já teve a oportunidade de trocar experiências.

“O Dr. Fernando Arévalo é uma inspiração. Ele tem destaque mundial pelas suas pesquisas na área de retina. Conheço ele de perto, e o considero um amigo”, comentou a especialista. 

Camila também ressaltou a importância de um prêmio como este para jovens profissionais. 

“Esse prêmio valoriza os próprios oftalmologistas. Sabemos que é muito difícil para jovens se destacarem em comparação com os mais experientes. Então, esse reconhecimento é uma forma inovadora de valorizar quem está se dedicando à pesquisa e ao avanço no tratamento de seus pacientes”, completou a médica.

A trajetória de Camila até essa conquista é marcada por uma dedicação incansável à pesquisa e ao avanço da oftalmologia. Ela se especializou em retina clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde também concluiu o doutorado, e posteriormente fez uma subespecialização em retina pediátrica nos Estados Unidos, na Universidade de Miami. 

Desde 2017, a médica oftalmologista lidera o departamento de pesquisa na Fundação Altino Ventura, onde trabalha com uma equipe dedicada a investigações científicas de alto impacto. Um dos projetos mais notáveis liderados por Camila é a pesquisa sobre os efeitos do Zika vírus nas crianças afetadas pela Síndrome Congênita do Zika.

“A Zika é uma síndrome porque apresenta sinais e características específicas. Além da microcefalia, ela afeta o fundo do olho das crianças”, explica Camila. 

Ela e sua equipe foram pioneiras na descrição dessas alterações oftalmológicas e seguem acompanhando essas crianças ao longo dos anos.

Os achados de sua pesquisa demonstram que os pacientes, mesmo aquelas crianças que não apresentam alterações no fundo do olho, têm uma deficiência visual significativa devido ao impacto do Zika no cérebro, onde a visão é processada.

“Quando passamos óculos para essas crianças percebemos uma melhoria da visão. Além disso, quando fazemos estimulação visual, também observamos um melhor desenvolvimento na visão dessas crianças. Operamos as que tinham estrabismo, e a cirurgia também trouxe melhora nesses casos”, relata a médica.

Camila Ventura e sua equipe receberam recentemente um novo financiamento do Ministério da Saúde e do National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, para continuar acompanhando essas crianças pelos próximos cinco anos, investigando como as complicações da síndrome afetam suas vidas à medida que crescem. Entre os pontos de atenção estão o desenvolvimento cerebral tardio, puberdade precoce e alterações ortopédicas.

“Ser reconhecida internacionalmente pela minha dedicação à pesquisa, como mulher brasileira, nordestina, pernambucana, é algo que me traz muito orgulho. Foi uma trajetória percorrida com muito esforço, e esse reconhecimento é a prova de que conseguimos fazer pesquisa de ponta em instituições brasileiras”, celebra a médica.

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