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GUERRA NA UCRÂNIA

OIT alerta que Ucrânia perdeu um terço dos postos de trabalho

A organização estabelece vários cenários em função da evolução das operações militares na Ucrânia

Foto: Andrey Borodulin / AFP

Cerca de 30% dos empregos na Ucrânia - ou 4,8 milhões - foram perdidos desde o início da guerra lançada pela Rússia, e a evolução do mercado depende inteiramente da situação militar - alertou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quarta-feira (11).

"As convulsões econômicas, juntamente com o deslocamento interno em grande escala e os fluxos massivos de refugiados, estão causando perdas colossais em termos de emprego e renda", ressalta a organização em seu primeiro relatório sobre as consequências da invasão no país e no restante do mundo, incluindo a Rússia e os Estados da Ásia Central.

A OIT estabelece vários cenários em função da evolução das operações militares na Ucrânia.

"Supondo que as hostilidades cessem imediatamente, pode haver uma rápida recuperação do emprego (na Ucrânia), com a restauração de 3,4 milhões de postos, reduzindo a taxa de perda de empregos para 8,9%", acrescenta o texto.

Se a escalada militar continuar, porém, "o número de empregos perdidos poderá aumentar ainda mais, chegando a 7 milhões, ou 43,5%", escrevem os especialistas desta organização com sede em Genebra.

Eles saúdam os "esforços consideráveis" do governo ucraniano para continuar a fazer os sistemas de proteção social funcionarem. 

"Gostaria de enfatizar que o governo ucraniano está totalmente operacional, assim como as organizações patronais e sindicais", declarou o diretor regional para Europa e Ásia Central, Heinz Koller, durante uma coletiva de imprensa, lembrando a firme condenação da invasão expressa pela OIT.

"Continuamos a apoiá-los para estarem prontos para ajudá-los na situação atual, mas também, espero, na fase de reconstrução após o término do conflito", insistiu.

Refugiados procuram emprego 
A invasão russa também gerou o fluxo de refugiados mais rápido que a Europa já viu desde o final da Segunda Guerra Mundial. Eram quase seis milhões em 11 de maio, de acordo com balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

De acordo com os cálculos da OIT, 2,75 milhões desses refugiados estão em idade ativa e “podem desejar procurar emprego nesses países”, se as circunstâncias exigirem que permaneçam em seus países de acolhimento por muito tempo. 

Dois terços deles têm alto nível de escolaridade, e quase metade (49%) exerceu um trabalho altamente qualificado. Apenas 15% tinham um emprego pouco qualificado, segundo estatísticas compiladas pela OIT.

A Polônia, que abriga de longe o maior número de refugiados ucranianos, terá de enfrentar "um enorme desafio".

“O número de refugiados empregados na Ucrânia antes do conflito e vivendo atualmente na Polônia é estimado em 410 mil, dos quais metade é altamente qualificada; 146 mil são de qualificação média; e 64 mil, de baixa qualificação”, observa a OIT.

Mais indiretamente, os especialistas da organização preveem "repercussões consideráveis na Ásia Central", porque os países desta região são muito dependentes das remessas de trabalhadores migrantes da Rússia, cuja economia deve sofrer um forte golpe. 

"Em 2020, os migrantes do Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão representaram 22%, 10%, 5% e 4%, respectivamente, dos 11,6 milhões de migrantes internacionais (de todas as idades) que vivem na Federação da Rússia", completa o texto. 

Muitos destes migrantes repatriam grande parte de seu salário para seu país de origem.

A OIT cita Quirguistão e Tadjiquistão como exemplos: as remessas representaram 31,3% e 26,7% do Produto Interno Bruto (PIB), respectivamente.

O Banco Mundial estima que, devido ao conflito na Ucrânia, as remessas devem cair acentuadamente – entre um terço e um quinto – em 2022. 

Apesar da falta de dados confiáveis sobre a Rússia, "sempre que há pressão no mercado de trabalho russo, a primeira coisa é que os trabalhadores imigrantes são convidados a regressar para seu país", ressaltou Heinz Koller.

Neste caso, estes trabalhadores “se arriscam num mercado de trabalho já tenso” caracterizado por elevadas taxas de desemprego e baixos salários.

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