Oito pessoas morrem em bombardeio israelense perto da embaixada do Irã na Síria, segundo ONG
O ataque atribuído a Israel destruiu prédio anexo à embaixada; general da Guarda Revolucionária iraniana está entre as vítimas, afirma imprensa local
Um ataque aéreo atribuído a Israel atingiu, nesta segunda-feira, um edifício anexo à embaixada iraniana na capital síria, Damasco, de acordo com veículos de imprensa sírios e iranianos, causando oito mortes. As informações foram dadas pela ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Entre as vítimas está um general da Guarda Revolucionária do Irã.
"Mísseis israelenses destruíram o edifício de um anexo da embaixada iraniana em Damasco", matando oito pessoas, informou a OSDH, uma ONG com sede no Reino Unido que conta com uma ampla rede de informantes no terreno na Síria, que tinha verificado inicialmente um balanço de seis mortos.
A agência estatal de notícias síria SANA afirmou que "o ataque israelense teve como objetivo atingir o edifício do consulado iraniano no bairro de Mazeh de Damasco". A residência do embaixador também foi danificada, mas ele e sua família não ficaram feridos. A ação ocorreu por volta das 17h, pelo horário local.
"Hosein Akbari, embaixador da República Islâmica do Irã em Damasco, e sua família não sofreram danos no ataque israelense", garantiu a agência de notícias iraniana Nour.
Entre as vítimas está o general Mohammad Reza Zahedi, comandante das Forças Quds — braço da Guarda Revolucionária para ações no exterior — na Síria e no Líbano. Veterano da guerra contra o Iraque, ele liderou, por alguns meses em 2004, a Força Aérea da Guarda Revolucionária, e era um dos principais oficiais da instituição.
Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores sírio, Faisal Mekdad, condenou o ataque, chamado por ele de "terrorista", e disse que "Israel não conseguirá abalar as relações entre Irã e Síria", dois dos principais aliados estratégicos no Oriente Médio.
Leia também
• Netanyahu pressiona e Parlamento aprova projeto de lei que proíbe transmissão da al-Jazeera
• Fim da isenção do serviço militar a israelenses ultraortodoxos chega ao fim em meio à guerra
• Exército de Israel diz que 600 soldados morreram e 1,5 mil ficaram feridos desde o início da guerra
— Nós onfirmamos mais uma vez que Israel não pode afetar o relacionamento entre a República Árabe Síria e a República Islâmica do Irã — disse Mekdad após visita ao local do bombardeio. Ele também revelou que conversou com o chanceler iraniano, Hossein Amirabdollahian.
Em declarações à agência ISNA, o embaixador iraniano em Damasco afirmou que o "ataque do regime sionista é uma indicação da realidade deste país, que não reconhece o direito internacional e adota qualquer ação desumana para conseguir o que deseja". Um porta-voz israelense disse à Al Jazeera que o país "não comenta relatos publicados na imprensa estrangeira". O ataque foi o segundo de Israel contra a Síria em menos de 24 horas.
Desde o início da guerra contra o grupo terrorista Hamas em Gaza, em outubro do ano passado, Israel tem intensificado ataques contra posições ligadas ao Irã no Líbano e na Síria, incluindo em áreas urbanas, como na ação desta segunda-feira — contudo, o Irã, que apoia o Hamas e o Hezbollah, no Líbano, tem evitado ações diretas contra os israelenses, por conta do risco de envolvimento em um conflito de grandes proporções no Oriente Médio, afirmam especialistas. Ao invés disso, o país é acusado de usar grupos aliados na região, como os houthis no Iêmen, em ataques pontuais.
O bombardeio ocorreu dias depois de a OSDH ter noticiado ataques israelitas na Síria, que mataram 53 pessoas, incluindo 38 soldados e sete membros do Hezbollah, organização islamista libanesa apoiada pelo Irã. Foi o maior número de baixas sofridas pelo Exército sírio em ataques israelenses desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, de acordo com a ONG.