Oito últimos anos foram os mais quentes da história, confirma ONU
Dos últimos oito anos, o mais quente foi 2016, seguido de 2019 e 2020
Os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados, confirmou, nesta quinta-feira (12), a Organização Meteorológica Mundial (OMM), apesar da persistência do fenômeno La Niña, que permitiu moderar temporariamente os efeitos do aquecimento global.
Os seis principais dados internacionais compilados pela OMM apontam para as mesmas causas: "as concentrações cada vez maiores de gases de efeito estufa e o calor acumulado", destaca a organização da ONU em nota, confirmando as conclusões do programa europeu sobre as mudanças climáticas Copernicus, publicadas esta semana, e as da Agência Meteorológica dos Estados Unidos (NOAA) e da Nasa, também divulgadas nesta quinta-feira.
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Em 2022, a temperatura média mundial esteve cerca de 1,15 ºC acima dos níveis pré-industriais, segundo a OMM.
E o ano passado foi o oitavo consecutivo em que as temperaturas anuais mundiais foram superiores em pelo menos um grau em relação aos níveis observados entre 1850 e 1900.
Dos últimos oito anos, o mais quente foi 2016, seguido de 2019 e 2020.
Efeito temporário
O Acordo de Paris sobre o clima, concluído em 2015, instou limitar o aquecimento global a 1,5 °C, o que, segundo os cientistas, permitiria frear os impactos das mudanças climáticas.
Mas a OMM advertiu nesta quinta que "a possibilidade de - temporariamente - cruzar o limite de 1,5 °C aumenta com o tempo".
Graças ao fenômeno meteorológico La Niña, que tende a fazer cair a temperatura dos oceanos e que persiste desde 2020, o aquecimento se conteve um pouco.
O fenômeno poderia se estender até março, segundo a OMM, e seria seguido depois de um período neutro, marcado pela ausência do La Niña e de seu oposto, o El Niño.
A agência da ONU destacou que, no planeta como um todo, o impacto do La Niña seria "de curto prazo" e "não inverterá a tendência do aquecimento no longo prazo, causada pelos níveis recorde de gás de efeito estufa que prendem o calor na nossa atmosfera".
Em 2022, várias áreas registraram temperaturas recorde: as regiões polares, assim como vastos setores do Oriente Médio, China, Ásia Central e Norte da África.
A Europa, por sua vez, registrou seu segundo ano mais quente já registrado: Espanha, França, Reino Unido e Itália superaram seus recordes de temperatura média, informou o programa Copernicus.
Catástrofes
Em 2022, "fomos confrontados com várias catástrofes meteorológicas dramáticas que causaram muitas vítimas, destruíram meios de subsistência e socavaram o acesso e as infraestruturas de saúde, alimentação, energia e água", denunciou, em nota, o diretor da OMM, Petteri Taalas.
O dirigente lembrou as inundações mortais que alagaram um terço do Paquistão e alertou para a "catástrofe humanitária" no Chifre da África, vítima da seca há várias temporadas.
A OMM também havia identificado condições mais secas do que o habitual na Patagônia, na América do Sul, e no sudoeste da América do Norte.
"Desde os anos 1980, cada década tem sido mais quente do que a anterior" e a temperatura média na década entre 2013-2022 foi de 1,14 ºC acima da referência pré-industrial, frente ao 1,09 ºC entre 2011 e 2020, estimou o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Frente a fenômenos meteorológicos cada vez mais extremos, Taalas insistiu em que é preciso "reforçar a preparação".
Neste sentido, o secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou na COP27 um plano de mais de US$ 3 bilhões para que o mundo seja coberto por sistemas de alerta precoces até 2027.
Atualmente, só metade dos 193 países-membros dispõe destes tipos de sistemas.