'Olhei e vi a minha filha cheia de sangue na cabeça', diz mãe de jovem baleada pela PRF
Juliana Leite, de 26 anos, levou um tiro na cabeça e tem quadro de saúde gravíssimo
A mãe da jovem de 26 anos baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Washington Luís (BR-040), nesta terça-feira, afirma que os agentes já chegaram atirando.
Deyse Rangel, de 49 anos, conta que, a princípio, não entendeu que a família estava sendo alvo de tiros.
A cuidadora explica que, quando ouviu o barulho, pensou que estavam soltando bomba nos arredores. Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada no centro de Terapia Intensiva (CTI) em estado gravíssimo.
Juliana estava indo com a família passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, em Niterói.
A agente de saúde estava sentada no banco de trás, com o irmão mais novo, de 17 anos, a namorada dele e o cachorro, quando foi atingida.
A mãe relata que foi entender que a filha havia sido ferida quando a viu coberta de sangue.
"Ouvi os barulhos, uns estalinhos, e pensei que fosse bombinha. Do nada senti os estilhaços e meu marido falou que era tiro. Pensei que fossem os bandidos. A gente tentou parar o carro, mas era muito tiro mesmo.
Quando saímos do veículo, vimos que era a polícia e pedi, falei que era a minha família. Eles falaram que a gente estava atirando e eu falei “como se a gente não tem nem arma?”. Aí vi os irmãos dela cheios de sangue e fiquei preocupada.
Fui chamá-la e quando olhei vi ela estava desacordada, vi a minha filha com a cabeça coberta de sangue. Eu me desesperei na hora, só sabia gritar", explica.
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Ainda de acordo com Deyse, ao perceber o que havia acontecido, o agente da PRF responsável pelos tiros se desesperou:
"Na hora, pensei que a minha filha havia morrido. Fui para cima deles e falei: 'você matou a minha filha, seu desgraçado'.
Ele saiu, deitou no chão, começou a se bater, pulando, mostrando que fez besteira. Meu marido ainda foi atingido do dedo. Porém, uma bala pegou no apoio de cabeça do banco dele. Só não foi mais grave porque ele estava abaixado. Graças a Deus, não pegou em mais ninguém, mas agora a minha filha está nessa situação".
O pai da jovem, Aexandre da Silva Rangel, 53 anos, foi atingido por um disparo na mão esquerda. Ele foi atendido pelos médicos e liberado no mesmo dia.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o desespero da família após a jovem ser atingida na cabeça. "Meu Deus do céu, não acredito! A minha filha!", grita Alexandre em uma das gravações.
O caso aconteceu por volta das 21h. A jovem levou um tiro na cabeça e foi levada para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes.
Ela precisou ser entubada, passou por cirurgia e tem quadro de saúde gravíssimo. Ela está internada no centro de Terapia Intensiva (CTI).
Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN) informou que "a paciente, que foi atingida por arma de fogo (PAF) em crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. No momento, seu quadro de saúde é gravíssimo".
Agentes foram afastados
Na manhã desta quarta-feira, os policiais rodoviários envolvidos na abordagem prestaram depoimento para esclarecer o que aconteceu na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu.
Em nota, a PRF informou que a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os fatos relacionados à ocorrência.
Segundo a corporação, os agentes envolvidos foram afastados "preventivamente de todas as atividades operacionais".
"A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso", diz a nota.