Logo Folha de Pernambuco

FUNÇÃO

OMC nomeará primeira mulher como presidente, a nigeriana Okonjo-Iweala

Após meses de discussões e processos seletivos, a nomeação de um novo diretor-geral será incomum devido à pandemia de Covid-19

Ngozi Okonjo-Iweala será a primeira mulher e a primeira africana a chefiar a Organização Mundial do Comércio (OMC)Ngozi Okonjo-Iweala será a primeira mulher e a primeira africana a chefiar a Organização Mundial do Comércio (OMC) - Foto: Fabrice Coffrini/AFP

A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala se tornará, nesta segunda-feira (15), a primeira mulher e a primeira africana a chefiar a Organização Mundial do Comércio (OMC), uma instituição quase paralisada.

Após meses de discussões e processos seletivos, a nomeação de um novo diretor-geral será incomum devido à pandemia de Covid-19, que abalou a fé na liberalização do comércio mundial, o DNA da OMC.

Okonjo-Iweala, chamada por alguns de Dra. Ngozi, a única candidata ainda na disputa graças a um amplo consenso e apoio da União Africana e da União Europeia, assim como dos Estados Unidos, não comparecerá à sede da OMC nas margens do Lago Léman, em Genebra. Nem os delegados, que terão que debater sua escolha por videoconferência. Ela se dirigirá à imprensa virtualmente.

A sessão especial terá início às 14h GMT (11h de Brasília), de acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira.

No final de outubro, o governo do ex-presidente americano Donald Trump, que em quatro anos fez todo o possível para enfraquecer a organização, bloqueou o consenso que se delineava em torno da nigeriana de 66 anos.

Duas vezes ministra das Finanças e chefe da pasta de Relações Exteriores da Nigéria por dois meses, Okonjo-Iweala começou sua carreira no Banco Mundial em 1982, onde trabalhou por 25 anos. Em 2012, não conseguiu se tornar presidente desta instituição financeira e o cargo coube ao americano-coreano Jim Yong Kim.

Agora, ficará à frente de uma instituição que, desde sua criação em 1995, foi dirigida por seis homens: três europeus, um neozelandês, um tailandês e um brasileiro.

Sua carreira acadêmica e profissional é impressionante, mas Dra. Ngozi também tem detratores que a criticam por não ter feito mais para erradicar a corrupção quando esteve à frente das finanças do país mais populoso do continente.

Crise existencial
"Mais do que tudo", dirigir a OMC exige "audácia, coragem", disse ela àqueles que a consideram carente de conhecimentos técnicos em um ambiente regido por regras bizantinas.

A coragem será, de fato, essencial para tirar a OMC de sua crise quase existencial.

A pandemia expôs todas as fraturas causadas pela liberalização do comércio mundial, desde a dependência excessiva de cadeias produtivas dispersas, até os excessos da realocação industrial ou a fragilidade do tráfego comercial.

Em meados de outubro, Ngozi Okonjo-Iweala disse que queria definir duas prioridades para mostrar que a OMC é indispensável.

Deseja apresentar na próxima conferência ministerial um acordo sobre subsídios à pesca, que está paralisado, para mostrar que a OMC ainda pode produzir avanços multilaterais. E também se propõe a reconstruir o órgão de solução de controvérsias (o tribunal da OMC), que foi torpedeado pelo governo Trump. 

Recentemente, pediu à OMC que se concentrasse na pandemia de covid-19. Seus membros estão divididos quanto à conveniência de isentar de direitos de propriedade intelectual os tratamentos e vacinas anticovid para torná-los mais acessíveis.

Muitos países em desenvolvimento são a favor das isenções de patentes. Mas os países ricos acreditam que as regras atuais previstas pelo Acordo da OMC sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual são suficientes.

Veja também

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Pentágono diz que tropas norte-coreanas na Rússia entrarão "logo" em combate contra Ucrânia
Combate

Pentágono diz que tropas norte-coreanas na Rússia entrarão "logo" em combate contra Ucrânia

Newsletter