Coronavírus

Ômicron pode vencer a Delta, diz especialista da África do Sul

Variante gera preocupação em todo o mundo pela alta transmissibilidade

Coronavírus Coronavírus  - Foto: William West / AFP

A variante Ômicron do coronavírus pode ser a candidata mais provável a "ganhar" da variante Delta, que é altamente contagiosa, disse Adrian Puren, diretor executivo em exercício do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD), nesta terça-feira (30).

A descoberta da Ômicron causou alarme global, com países limitando as viagens para o sul da África por medo de que a variante pudesse se espalhar rapidamente mesmo em populações vacinadas e a Organização Mundial de Saúde  (OMS) dizendo que ela carrega um alto risco de surtos de infecção.

“Nós pensamos que a Ômicron vai ganhar a Delta. Essa sempre foi a questão, em termos de transmissibilidade, pelo menos... talvez esta variante, em particular, seja "a variante"”, disse Puren à Reuters em uma entrevista.

Se a Ômicron for ainda mais transmissível do que a variante Delta, isso pode levar a um aumento acentuado nas infecções, o que pode pressionar os hospitais.

Puren disse que os cientistas devem saber dentro de quatro semanas até que ponto a Ômicron pode escapar da imunidade gerada por vacinas ou infecções anteriores, e se leva a piores sintomas clínicos do que outras variantes.


Relatos de médicos que trataram de pacientes sul-africanos com Covid-19 dizem que a Ômicron parece estar produzindo sintomas leves, incluindo tosse seca, febre e suores noturnos, mas os especialistas alertaram contra tirar conclusões firmes.

Puren disse que é muito cedo para dizer se a Ômicron está vencendo a Delta na África do Sul, já que os cientistas locais produziram apenas 87 sequências com a nova variante até agora.

Mas o fato de que os casos começaram a aumentar rapidamente, especialmente em Gauteng, a mais populosa província, é um sinal de que alguma substituição já pode estar acontecendo.

A variante Delta conduziu uma terceira onda de infecções por Covid-19 na África do Sul, que atingiu o pico de mais de 26 mil casos por dia no início de julho. 

A Ômicron deve desencadear uma quarta onda, com infecções diárias atingindo 10 mil casos no final da semana, saltando de cerca de 2.270 na segunda-feira.

Anne von Gottberg, microbiologista clínica do NICD, disse que parecia que as infecções estavam aumentando em todo o país.

Na segunda-feira (29), uma apresentação do NICD sinalizou um grande número de internações por Covid-19 entre bebês com menos de dois anos como uma área de preocupação. Mas von Gottberg advertiu contra ligar isso à Ômicron ainda.

“Parece que, de fato, algumas dessas internações podem ter começado antes do surgimento da Ômicron. Também estamos vendo que houve um aumento nos casos de gripe apenas no último mês, então precisamos ter muito cuidado para olhar as outras infecções respiratórias”, disse ela. 

Estamos analisando os dados com muito, muito cuidado, mas, no momento, não tenho certeza se podemos vinculá-los definitivamente à Ômicron.”

A África do Sul foi elogiada por alertar a comunidade científica global e a OMS tão rapidamente sobre a nova variante — uma jogada corajosa, dados os danos que as restrições de viagens impostas por vários países causarão ao seu importante setor de turismo.

O país relatou cerca de três milhões de infecções por Covid-19 durante a pandemia e mais de 89 mil mortes, o maior número do continente africano.

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