OMS avalia que pandemia poderia ser controlada em alguns meses se houvesse disposição de governos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vê com preocupação a retomada no crescimento de casos e de óbitos na última semana em todo o mundo e enfatiza a importância de medidas sanitárias para conter a circulação do vírus, como uso de máscaras e distanciamento social.
De acordo com a diretoria-geral da organização, o mundo viu uma redução no número de casos por seis semanas consecutivas entre janeiro e fevereiro, mas, agora, já vê um aumento nas sete semanas consecutivas de novos casos confirmados e de óbitos nas últimas quatro semanas.
Na última semana, a OMS reportou o quarto maior número de casos em uma semana desde o início da pandemia: foram 4,4 milhões de infecções, com um aumento e 9% no número de casos em comparação com a semana anterior.
Em entrevista para os jornalistas na manhã desta segunda-feira (12), o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que a pandemia em todo o mundo poderia ser controlada em alguns meses, se houvesse empenho e disposição por parte dos governos e das pessoas em adotar as medidas comprovadamente eficazes para controlar a pandemia.
Leia também
• OMS alerta que pandemia está em 'ponto crítico', principalmente na Ásia
• Brasil não conseguirá domar pandemia só com vacina, diz OMS
• Não há dados adequados sobre uso de vacinas diferentes na primeira e segunda doses, diz OMS
"Semana após semana vamos continuar dizendo: distanciamento social funciona, lavar as mãos funciona, usar máscaras funciona, vigilância epidemiológica, testagem, isolamento de confirmados, rastreamento de contatos, tudo isso funciona para impedir a cadeia de transmissão e salvar vidas."
"As evidências são claras, e muitos países em todo o mundo demonstraram que é possível controlar o vírus quando aplicadas medidas preventivas e junto a sistemas que respondem de maneira rápida e consistente", afirmou. "O que aumenta a transmissão e custa vidas é confusão, complacência e medidas de saúde públicas inconsistentes e sua aplicação."
Ghebreyesus afirmou ainda que muitos países com a pandemia fora do controle permitem a abertura de restaurantes, bares, casas noturnas e causam aglomeração. Além disso, há a falsa impressão disseminada pelos mais jovens de que são saudáveis e não vão ter grandes problemas se contraírem a Covid-19. "Isso não é verdade. Pessoas jovens e saudáveis contraíram a doença e morreram, e ainda não temos
total compreensão dos efeitos dos sintomas persistentes pós-Covid", disse.
A OMS enfatizou a importância da vacinação e como a distribuição de vacinas de forma igualitária é fundamental para acelerar a imunização em países na África e no Oriente Médio, mas que só a vacina não vai funcionar.
"As vacinas estão chegando, mas elas não estão ainda aqui [em quantidades suficientes]. Nós precisamos enfatizar a importância das medidas sanitárias, e os governos precisam dar apoio consiste às populações para elas cumprirem as medidas. Não é vacinas apenas, é vacinas com medidas restritivas", afirmou Maria van Kerkhove, líder técnica para Covid-19 da entidade.
Em relação às vacinas, Bruce Aylward, conselheiro sênior da direção-geral da OMS, disse que o órgão estuda no momento duas vacinas chinesas para a avaliar a autorização para uso emergencial, a da Sinopharm e da Sinovac.
"Nós tivemos uma equipe visitando as instalações das duas fábricas entre janeiro e fevereiro, bem como o processo de manufatura das vacinas, e agora estamos avaliando a documentação técnica relacionada a essas vacinas. Esperamos até o final de abril ter a avaliação do comitê técnico consultor sobre uma das vacinas para uso emergencial e na sequência a outra vacina".
Aylward, no entanto, não afirmou qual das duas vacinas estaria em estágio mais avançado de análise.
A entidade ainda comentou sobre os dados divulgados recentemente do ensaio clínico de fase 3 da vacina da Sinovac, realizado no Brasil.
Katherine O'Brien, afirmou que os resultados são promissores pois a eficácia aumenta conforme o quadro mais agravado da doença.
"É a eficácia das vacinas contra as formas mais graves da doença que é mais crítico para nós avaliarmos. Por isso é preciso precaução comparar eficácias entre vacinas, porque quanto à proteção contra casos graves, todas as vacinas cumprem o seu papel em reduzir o máximo possível internações e mortes por Covid-19."