Coronavírus

OMS critica lentidão 'inaceitável' da vacinação na Europa e Brasil enfrenta agravamento da crise

Na América Latina, o Brasil, que aprovou na quarta-feira o uso emergencial da vacina Johnson & Johnson, o número de mortos está crescendo a um ritmo assustador

Diretor da OMS, Tedros AdhanomDiretor da OMS, Tedros Adhanom - Foto: Christopher Black/World Health Organization/A

A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou nesta quinta-feira (1º) a lentidão "inaceitável" da vacinação na Europa, em um momento em que a pandemia de Covid-19 se agrava na América Latina, especialmente no Brasil, que registrou em março seu mês mais letal.

"Atualmente, a situação regional é a mais preocupante em vários meses", declarou o diretor da divisão Europa da OMS, Hans Kluge.

Dos 2,8 milhões de mortos registrados no mundo desde dezembro de 2019, a região da Europa soma o maior número, com cerca de 959.000 óbitos, seguida por América Latina e Caribe (cerca de 783.000) e Estados Unidos e Canadá (575.000), conforme balanço da AFP estabelecido nesta quinta.
 

Na Europa - com 50 países, incluindo Rússia e vários Estados da Ásia Central -, mais de 24.000 mortes foram contabilizadas na semana passada e estão "rapidamente" se aproximando de um milhão no total, segundo a organização. 

"Precisamos agilizar o processo(de vacinação), aumentando a produção, reduzindo os obstáculos à [sua] administração (...) e aproveitando todas as doses" armazenadas, acrescentou Kluge.

Mas nesta mesma sexta-feira, os países membros da UE disputaram acirradamente a distribuição de 10 milhões de doses adicionais do medicamento Pfizer-BioNTech. 

Os dois laboratórios também confirmaram que o medicamento é muito eficaz contra a chamada variante sul-africana do coronavírus e também entre os mais jovens. 

A vacina russa Sputnik V, por sua vez, não receberá autorização da UE "antes do final de junho", alertou o secretário de Estado francês para a Europa, Clement Beaune.

A Europa abriga 12% da população mundial e já administrou mais de 152 milhões de doses de vacinas anticovid, ou seja, um quarto de todas as injetadas no mundo.

Nos próximos "8 a 14 dias", a Alemanha vai fortalecer os controles em suas fronteiras terrestres, enquanto a Itália decidiu estender suas medidas até 30 de abril. Na Áustria, a região de Viena ficará confinada na Páscoa.

Na França, onde a situação está se deteriorando há várias semanas e se aproxima de 100.000 mortes, as escolas ficarão fechadas por pelo menos três semanas. As restrições serão estendidas a todo território. 

O pior mês no Brasil 
A situação também se agrava no restante do mundo, do Japão ao Brasil, passando pelo Canadá. 

Na América Latina, o Brasil, que aprovou na quarta-feira o uso emergencial da vacina Johnson & Johnson, o número de mortos está crescendo a um ritmo assustador. 

O gigante sul-americano começou abril com 3.769 mortes por Covid-19, após um mês trágico em março no qual mais de 66.000 pessoas perderam a vida, de longe o mês mais mortal desde o início da pandemia. 

Além disso, a média diária de óbitos em sete dias ultrapassou os 3.000 pela primeira vez, chegando a 3.117. No início de janeiro, era 703.

Depois dos Estados Unidos (552.073 mortes), o Brasil é o país com o maior número de vítimas fatais nesta pandemia (321.515), seguido pelo México (203.210).

"Nunca um único evento gerou tantas mortes em 30 dias na história do Brasil", disse à AFP o médico Miguel Nicolelis, ex-coordenador da Comissão Científica formada pelos estados do Nordeste para enfrentar a pandemia.

Segundo Nicolelis, “a pandemia está totalmente fora de controle e (...) a perspectiva de chegar a meio milhão de mortes em julho já é plausível”. 

A Bolívia fechou sua fronteira com o Brasil por uma semana, caso uma nova variante de covid-19 circulasse. 

E no Equador, um comitê de emergência recomendou nesta quinta-feira ao presidente Lenín Moreno que declarasse o estado de exceção em oito províncias, onde vivem cerca de 70% dos 17,4 milhões de habitantes do país, devido ao aumento das infecções.

O Chile - que faz fronteira terrestre com Argentina, Bolívia e Peru - também anunciou que fechará suas fronteiras ao longo de abril. A campanha de vacinação está avançando, mas os casos também.

E as infecções estão "em alta" em todo continente, alertou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne.

Na Argentina foram 16.056 infecções na quarta-feira, número máximo diário desde 21 de outubro de 2020. O país recebeu nesta quinta-feira um carregamento de um milhão de doses da vacina chinesa Sinopharm para acelerar sua campanha, para a qual já terá quase 7 milhões de doses. 

O Panamá, país da América Central com mais infecções, aprovou o uso emergencial do imunizante russo Sputnik V, o terceiro a obter autorização depois dos da Pfizer e AstraZeneca.

- Sem tocha olimpíca -
A província de Ontário, o motor econômico do Canadá, está se preparando para anunciar um novo confinamento de 28 dias para interromper uma nova onda de infecções, depois que Quebec anunciou o fechamento de escolas e negócios não essenciais. 

Embora nos vizinhos Estados Unidos a situação melhore com o avanço da vacinação, seu presidente Joe Biden pediu que medidas continuassem a ser respeitadas, como o uso de máscaras, e que os clubes esportivos não liberem todos os assentos de seus estádios. 

“Temos que chegar a um ponto em que um número suficiente de pessoas tenha sido vacinado para diminuir a possibilidade de (o vírus) se espalhar”, destacou. 

Do outro lado do Pacífico, o governo japonês anunciará novas restrições, especialmente em Osaka, cujas autoridades regionais não querem o revezamento da tocha olímpica na metrópole para limitar as infecções, segundo a imprensa local.

Veja também

Como a gravidez muda o cérebro? Novo estudo da Nature Neuroscience detalha pela 1ª vez como certas á
Saúde

Como a gravidez muda o cérebro? Novo estudo da Nature Neuroscience detalha pela 1ª vez como certas á

Presidente do Irã diz que pode retomar contato com os EUA, se país voltar ao acordo nuclear
IRÃ

Presidente do Irã diz que pode retomar contato com os EUA, se país voltar ao acordo nuclear

Newsletter