OMS defende vacina da AstraZeneca após vários países suspenderem seu uso
Após vários países suspenderam a aplicação por temerem a formação de coágulos, a agência afirma que a vacina é excelente e que a preocupação com a segurança do imunizante deve ser investigada
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou na sexta-feira (12) que não há razão para interromper o uso da vacina contra a Covid-19 do laboratório britânico AstraZeneca, depois que vários países suspenderam a aplicação da mesma por temerem a formação de coágulos.
"A AstraZeneca é uma vacina excelente, assim como as outras que estão sendo usadas", afirmou em Genebra a porta-voz da OMS, Margaret Harris, assinalando que qualquer preocupação com a segurança do imunizante deve ser investigada.
O Brasil aprovou o registro definitivo da vacina AstraZeneca, alegando que "a conclusão é de que os benefícios superam os riscos". O governo também anunciou a compra de 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, em um momento em que o país precisa acelerar a vacinação para conter uma segunda onda da pandemia que já deixou cerca de 273 mil mortos. Completando o dispositivo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do antiviral remdesivir.
A Anvisa admitiu que a vacina AstraZeneca pode causar distúrbios como dores de cabeça e diarreia e que "incertezas" podem levar "com o tempo a adequar o processo de fabricação", também realizado no Brasil com a Fundação Fiocruz. Mas "a conclusão é de que os benefícios superam os riscos", disse o gerente-geral de medicamentos da agência, Gustavo Mendes, em entrevista coletiva. “Não há risco previsível para a saúde da população relacionado ao uso da vacina”, afirmou.
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No começo da semana, a Áustria parou de administrar as doses de um lote de vacinas da AstraZeneca. A decisão foi tomada depois que uma enfermeira de 49 anos morreu vítima de "graves transtornos de coagulação", alguns dias após ser imunizada. Estônia, Lituânia, Letônia, Luxemburgo e Itália também deixaram de utilizar o lote.
Já a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) sugeriu nesta sexta o acréscimo de alergias graves à lista de possíveis efeitos colaterais da vacina da AstraZeneca, após a detecção de casos desse tipo no Reino Unido. A agência reguladora da União Europeia (UE) com sede em Amsterdã indicou, no entanto, que a vacina da AstraZeneca poderia continuar sendo utilizada.
Em seu comunicado de hoje, a EMA afirma ter "recomendado uma atualização da informação sobre o produto que inclua anafilaxia e hipersensibilidade (reações alérgicas) como efeitos colaterais".
Medos e homologações
A iniciativa irá fabricar, principalmente, a vacina americana da Johnson&Johnson, de dose única, que recebeu da OMS a homologação de emergência. "Cada novo instrumento seguro e eficaz contra a doença é um passo a mais para o controle da pandemia", comentou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A organização já homologou as vacinas Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford. Com a aprovação de hoje, a vacina poderá integrar o programa Covax, criado pela OMS, Aliança para as Vacinas (Gavi) e Coalizão para a Inovação no Preparo ante as Epidemias (Cepi) para distribuir vacinas aos países em desenvolvimento. Quatro países latinos já receberam doses através do Covax, anunciou hoje a Organização Pan-Americana da Saúde. São eles: Guatemala, El Salvador, Peru e Colômbia.
A União Europeia também aprovou a vacina da Johnson & Johnson, que poderá acelerar as campanhas de imunização.
Mais paralisações de vacinação com doses da AstraZeneca
O ministro da Saúde da República Democrática do Congo anunciou neste sábado (13) o adiamento da campanha de vacinação contra a covid-19, que deveria começar em 15 de março no país após a entrega de 1,7 milhão de doses da AstraZeneca.
"Como medida de precaução, foi decidido adiar a data de lançamento da vacinação na RDC", disse o ministro Eteni Longondo em um comunicado.
O ministro lembrou que "alguns países suspenderam temporariamente o uso de um lote específico da vacina da AstraZeneca com base em relatos sobre transtornos da coagulação do sangue em pessoas que receberam a vacina desse lote em particular".