OMS investiga se rápida propagação da varíola do macaco se deve a mutações
Foram detectadas duas variantes do vírus, na Bacia do Congo e outra na África ocidental
Vários estudos em andamento tentam averiguar se as mudanças genéticas no vírus da varíola do macaco estão impulsionando a rápida propagação da doença, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) à AFP nesta quarta-feira (17).
Os dois clados ou variantes diferentes do vírus foram denominados clados da Bacia do Congo (África central) e da África ocidental devido às duas regiões onde são endêmicos.
Mas na sexta-feira, a OMS mudou o nome dos grupos para clado I e clado II, respectivamente, para evitar o risco de estigmatização geográfica.
Também anunciou que o clado II tinha dois subclados, IIa e IIb, com os vírus dentro deste último identificados como responsáveis pelo atual surto global.
Nesta quarta, a agência de saúde da ONU especificou que o IIa e o IIb estão relacionados e compartilham um ancestral comum recente, portanto, o IIb não é uma ramificação da IIa.
Estudos sobre as mutações
O clado IIb contém vírus recolhidos nos anos 1970 e a partir de 2017.
"Olhando para o genoma, veem-se algumas diferenças genéticas entre os vírus do surto atual e os vírus antigos clado IIb", informou a OMS à AFP.
"No entanto, nada se sabe sobre a relevância destas mudanças genéticas e está em andamento um estudo para determinar os efeitos (se houver) destas mutações na transmissão e severidade da doença", acrescentou.
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Além disso, "ainda é cedo, tanto no surto quanto nos estudos de laboratório, para saber se o aumento das infecções se deve a mudanças observadas no genótipo do vírus ou a fatores do hospedeiro" humano.
O surto de infecções da varíola do macaco começou a ser registrado em maio fora dos países endêmicos da África.
A OMS o declarou emergência de saúde pública internacional em 23 de julho. Foram reportados à organização mais de 35.000 casos em 92 países, com 12 mortes.
Quase todos os casos novos são registrados na Europa e nas Américas e os especialistas têm estudado amostras destes casos.
"A diversidade entre os vírus responsáveis pelo surto atual é mínimo e não há diferenças genotípicas óbvias entre os vírus de países não endêmicos", explicou a OMS.
Novo nome
Enquanto isso, a OMS informou que seu plano de mudar o nome da varíola do macaco levaria "meses".
A entidade expressou preocupação com o nome, que os cientistas consideram enganoso.
O nome se deve ao fato de que o vírus foi identificado originalmente em macacos usados em pesquisas na Dinamarca em 1958.
No entanto, a doença ocorre com mais frequência em roedores e o surto atual é transmitido de humano a humano.
A OMS pediu ajuda do público para definir um nome novo, com um site na internet no qual qualquer pessoa pode fazer sugestões.