OMS libera leite de vaca para bebês de 6 a 11 meses que não mamam; entenda
Recomendação faz parte do novo guia para alimentação complementar de lactentes e crianças de 6 a 23 meses de idade, publicado pela organização
Crianças de 6 a 11 meses de vida que não são amamentadas podem ser alimentadas tanto com fórmulas infantis quanto leite de vaca. A recomendação faz parte da nova diretriz da OMS para alimentação complementar de bebês e crianças pequenas de 6 a 23 meses de idade e difere das anteriores, assim como das recomendações de sociedades médicas, que orientam apenas fórmula para essa faixa etária.
Os produtos lácteos liberados pela OMS para crianças de 6 a 11 meses são: leite integral pasteurizado, leite reconstituído evaporado (mas não condensado) leite fermentado ou iogurte natural.
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Apesar da recomendação, em entrevista à Agência Einstein, o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, membro do corpo de orientadores em pediatria e ciências aplicadas em pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi, ligado ao Hospital Infantil Sabará explica que "a introdução de leite de vaca in natura antes do final do primeiro ano de vida pode desencadear problemas importantes, como maior risco de anemia, sangramentos intestinais e alergia alimentar".
No documento, a OMS cita esses estudos, mas conclui que alimentar as crianças com leite de vaca integral pasteurizado é uma "escolha segura", assim como o uso de fórmula. Já a partir de um ano de idade, as fórmulas ou compostos lácteos não devem ser utilizados, apenas o leite de origem animal.
O documento, que apresenta recomendações para orientar famílias, políticas públicas, instituições governamentais, profissionais de saúde e cuidadores, substitui as diretrizes anteriores relacionadas ao tema, uma de 2003 e a outra de 2005.
As novas diretrizes incluem recomendações que vão desde a amamentação até o consumo de diferentes alimentos, como o leite de vaca e outros alergênicos. As orientações só não valem para crianças prematuras, com baixo peso ao nascer, que estão se recuperando de doenças graves ou com deficiências neurológicas.
A OMS ressalta que os primeiros dois anos de vida são cruciais para o crescimento do bebê, tanto físico quanto cognitivo.A inadequação nutricional na infância pode levar à desnutrição, que é composta tanto por subnutrição (retardo de crescimento e emaciação) como por supernutrição (sobrepeso e obesidade).
Evidências mostram que a associação da má ingestão alimentar durante a infância aumenta o risco de morbidades, mortalidade, neurodesenvolvimento prejudicado e resultados tardios no desenvolvimento a curto prazo, além de prejudicar o desempenho intelectual, a capacidade de trabalho, aumento do risco de problemas reprodutivos, problemas cardiovascular e distúrbios autoimunes no longo prazo.
Outras recomendações do novo documento incluem:
Amamentar até pelo menos os dois anos de idade;
Iniciar a introdução de alimentos complementares a partir dos seis meses de idade - salvo exceções, que podem se beneficiar de um início mais precoce;
Garantir uma dieta diversificada para crianças de 6 a 23 meses;
Evitar que crianças de 6 a 23 meses comam alimentos ricos em açúcar, sal, gorduras trans, adoçantes e bebidas açucaradas;
Limitar o consumo de suco de fruta natural;
Suplementos nutricionais e alimentos fortificados podem ser indicado para crianças dessa faixa etária;
Estimular a alimentação responsiva das crianças.